sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Em Defesa da Doutrina Bíblica da Trindade (Parte 1)

Dentre as muitas blasfêmias contra a sã doutrina bíblica que se encontram espalhadas seitas a fora, a que poderia ser classificada como a mais aberrante é a que nega a existência da Trindade. Grupos sectários e heréticos como as Testemunhas de Jeová principalmente, pregam a não divindade de Cristo e do Espírito Santo, além de tirar a personalidade Deste último. Já em outra versão herética do tema existem os unicistas, que dizem ser o Pai, o Filho e o Espírito Santo uma Pessoa Divina só, e não um Deus só, inexistindo assim a Trindade; dentre os unicistas destacamos a Igreja Voz da Verdade, Pentecostal Unida do Brasil, Tabernáculo da Fé, Igreja de Deus do Sétimo Dia, dentre outras.

A Trindade, como fora rasteiramente conceituada em minha Declaração de Fé postada dias atrás neste blog, seria que “Ele (Deus) existe e se manifesta eternamente em três Pessoas distintas, mas ligadas na divina essência que as compõem: o Pai, o Filho e o Espírito Santo”, trocando em miúdos, a Trindade Bíblica é o ensino que nos apresenta que um Único Deus Eterno subsiste e se manifesta em Três Pessoas Eternas e Divinas, sendo que Elas Três são as manifestações distintas e pessoais da Figura do Único e Eterno Deus, ou seja, seria algo do tipo “Três em Um”.

É inegável que a natureza trinitariana de Deus é algo que se torna de uma difícil compreensão para o limitado conhecimento humano e sua percepção de curto alcance. Para nós, que temos uma natureza limitada, é algo impossível estarmos em dois lugares ao mesmo tempo, sabermos de tudo o que compõe a história da eternidade, e sermos capazes de realizar tudo o que nossa vontade quer; desse modo, a uma primeira vista, para o homem natural também é impossível se crer em um único Deus que é composto por três pessoas distintas e eternas. Mas quando nós passamos a analisar do ponto de vista bíblico que Deus é onipresente (Sl 139:7-12; At 17:27-28; <...>), onisciente (Sl 44:21; 139-1:6; 147:5; <...>) e onipotente (Gn 18:14; Jr 32:17; Mt 19:26; <...>), nós começamos a perceber que Deus detém outra natureza, que Ele é totalmente diferente do homem em seus atributos, que além dEle saber de tudo que ocorre dentro do transcendente espaço da eternidade, que além dEle estar presente ao mesmo tempo em todos os lugares que possam existir, para Ele também é possível todas as coisas que se possam imaginar e as que não conseguimos imaginar, inclusive ser ao mesmo tempo UM em TRÊS pessoas distintas.

A Bíblia, que é a Palavra escrita de Deus aos homens inspirada pelo seu Santo Espírito (1 Tm 4:1; 2 Tm 3:16; Hb 4:12; 2 Pe 1:19-21), e que é a ÚNICA fonte de autoridade, doutrina e fé do cristão (Gl 1:8-9; 1 Co 4:6; Ap 22:18-19), mostra de um modo claro e irrefutável a existência da Trindade, aonde o Pai é perfeitamente divino, assim como o Filho e o Espírito Santo, os três unidos em uma só essência da deidade. Isso se torna claro logo no versículo inicial da Bíblia (Gn 1:1), aonde vemos, no texto original hebraico, a presença da palavra “Elohim”, que significa “Deus” e que se encontra no plural, embora o verbo “criou” esteja no singular. Assim, percebemos que logo no inicio da revelação divina ao homem, encontramos um Deus que é, ao mesmo tempo, plural e singular, um único Deus, mas mais de uma Pessoa.

Um dos erros dos que não vêem Jesus como Deus é não saber diferenciar quando Ele falava como HOMEM e de quando falava como DEUS, pois Jesus era perfeitamente homem e perfeitamente Deus (Jo 10:33). Jesus falou como homem, dentre outras passagens, em Mc 13:32 e em Mt 26:38-39; como Deus falou, dentre muitas outras passagens, em Jo 17:5 e em Jo 14:6.

Dentre inúmeras referências bíblicas que revelam a Trindade, faremos uso apenas de algumas. Em 1 Jo 5:7 está escrito: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um”; o Pai e o Espírito Santo são reconhecidos imediatamente, mas quem seria a Palavra? A resposta se encontra em Ap 19:13 que diz: “E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus”; aqui nós vemos Jesus recebendo mais um título, que desta vez é o de Palavra de Deus. Jesus é a Palavra de 1 Jo 5:7, e juntamente com as pessoas do Pai e do Espírito Santo, formam um só Deus, pois os três são um.

Na narrativa do Evangelho segundo João, nós percebemos que os próprios judeus compreenderam as palavras de Jesus, sobre o que se refere a Ele, Jesus, ser Deus, conforme Jo 10:30-33 que diz: “Eu e o Pai somos um. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar. Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais? Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”. Perceba-se que Jesus disse “Eu e o Pai somos um”, se a doutrina unicista fosse verdade e Jesus e o Pai fossem uma só pessoa (inexistindo assim a Trindade), Jesus teria dito “Eu sou o Pai”, que seria a expressão gramatical correta, mas o Mestre fez questão de separar as Pessoas Dele e do Pai, mas teve o cuidado de ligá-las ao dizer “somos um”, um o quê? Um único Deus.

Podemos perceber também a DIVINDADE E SENHORIO DE CRISTO na relação existente entre as palavras do próprio Jesus e do apóstolo Paulo, aonde Jesus disse em Mc 12:29 que “O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único Senhor”, e em 1 Co 8:6 Paulo diz que “Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele”; em Mc 12:29 nós vemos claramente o ensino de que há um só Deus, e que esse Deus é o único Senhor, ou seja, o título de ‘Senhor’ está ligado somente a Deus; mas quando nós lemos o texto de 1 Co 8:6, percebemos que o título de ‘Senhor’ está atribuído como pertencente unicamente a Jesus. Ainda no mesmo verso, Paulo diz que Deus, o Pai, é dono de todas as coisas e é por quem nós vivemos, mais a frente o apóstolo diz que todas as coisas são pelo Senhor Jesus Cristo e nós por ele. O verso é de uma clareza teológica sem igual, tudo que se aplica ao Deus Pai, se aplica ao Senhor Jesus Cristo! Os atributos de Um são os mesmos do Outro! As palavras de Tomé para Jesus em Jo 20:28 só vêm reforçar esse ensino bíblico-teológico: “E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!”.

Paulo também nos ensina sobre a atuação de Jesus na criação e sua natureza eterna, que é antes de todas as coisas, como foi dito de forma inequívoca em Cl 1:16,17, que diz: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele”. O texto se refere claramente a Jesus, que “é a imagem do Deus invisível” Cl 1:15, colocando Jesus como Criador de tudo e levando sua existência para a eternidade, pois Ele é ‘antes de todas as coisas’, além de sustentador de tudo que existe; esse raciocínio só vem se fortalecer com as palavras de Jesus em Jo 8:58, que diz: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou”, ou seja, Jesus já existia mesmo antes de Abraão vir a nascer; somente Jesus sendo eterno para isso se tornar possível, tendo em vista que Abraão nasceu milhares de anos antes de Jesus nascer fisicamente de Maria. Voltando ao livro de Colossenses, Paulo nos ensina ainda em Cl 2:9 que em Jesus “habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.
Paulo, na Carta a Tito, ainda nos mostra duas vezes a divindade do Senhor Jesus de um modo inquestionável e irrefutável. As conclusões dos versos 1 e 2 do primeiro capítulo nos revelam a deidade de Cristo, aonde lemos que: “... segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador” (Tito 1:3) e “... do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 1:4); no verso 3 o apóstolo Paulo nos revela que ‘Deus’ é o nosso único ‘Salvador’, aplicando o termo no singular, não abrindo espaço para outro ‘Salvador’ se não ‘Deus’; já no verso 4 Paulo aplica o intransferível título divino de ‘Salvador’ a Pessoa de Jesus Cristo. Podemos concluir então que ou Jesus é Deus e Salvador, ou a Bíblia entrou em uma contradição, mas como a Bíblia é a Palavra de Deus escrita aos homens, infalível e inerrante, a única conclusão restante é a admissão da Divindade do Senhor Jesus! Ainda na Carta do apóstolo Paulo a Tito, nós vemos Paulo chamando Jesus de Deus, como se pode perceber em Tito 2:13 que diz: “aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”; Paulo não fez a separação entre as Pessoas de ‘Deus’ e ‘Senhor Jesus Cristo’, o apóstolo usou a conjunção ‘e’ somente, dizendo que Jesus é o ‘grande Deus’ e ‘nosso Senhor’ ao mesmo tempo; se as Pessoas fossem distintas, Paulo teria dito ‘e do’, mas ele usou apenas a conjunção ‘e’.

O apóstolo João também era tão certo da divindade de Jesus que, dentre inúmeras outras referências além das já citadas, fala em 1 Jo 5:20 as seguintes palavras: “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”. João ainda registrou em Jo 17:5 as palavras de Jesus que diz: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”. Ver também Jo 14:9. Mais uma vez a Bíblia nos ensina sobre a divindade de Jesus.

O escritor do livro de Hebreus também revela a divindade do Senhor Jesus, o Deus Filho, como fica claro nas palavras de Hb 1:8 que diz: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino”. No mesmo livro ainda vemos a ordem de ADORAÇÃO ao Filho Jesus em Hb 1:6, que diz: “E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”, sendo que a Bíblia nos ensina que somente ao Senhor Deus devemos prestar culto e adoração (Êx 20:3-5; Mt 4:10), ou seja, o Senhor Jesus é o mesmo Deus dos tempos antigos e de Israel.

O profeta Isaías, inspirado pelo Espírito Santo de Deus, profetizando sobre o nascimento do Messias, fala em Is 9:6 as seguintes palavras: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Isaías atribuiu a Jesus o título de DEUS Forte e de Pai da ETERNIDADE; se Jesus não for divino de acordo com a Bíblia, tudo o que me ensinaram sob interpretação lingüística foi mentira, ou mudaram os parâmetros do estudo lingüístico e não avisaram aos professores!!! O próprio nome profético atribuído ao Messias, Emanuel, significa ‘Deus conosco’ (Mt 1:23), ou seja, Deus verdadeiramente estaria na Terra através de seu Divino Filho Jesus Cristo. Ainda dentro das profecias de Isaías, as palavras de Is 45:23 “Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua”; essas mesmas palavras proféticas são dirigidas ao Senhor Jesus em Fl 2:10-11 “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai”.

O livro de Apocalipse reforça e confirma de uma vez por todas a divindade de Cristo. Em Is 44:6 o Senhor DEUS invoca somente para Si o título de ‘primeiro’ e ‘último’: “Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, e seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus”; quando nos transportamos para as palavras de Ap 1:17-18 nós percebemos que Jesus recebe o mesmo título: “E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vive e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno”. Esse mesmo ensino é repetido novamente em Ap 2:8 que diz: “E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu”. Foi Jesus que foi morto e que ressuscitou, e é esse mesmo Jesus que é o primeiro e o último, que é Eterno, que é a segunda pessoa da Divina Trindade. Em Ap 22:6 nós lemos que “Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer”; mais na frente, em Ap 22:16 está escrito que “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas”; no verso 6 foi Deus que enviou, mas no verso 16 o enviador já recebe o nome de Jesus; somente eles sendo a mesma Divindade para estes versos se harmonizarem. Ainda no livro do Apocalipse, nós percebemos que toda a liturgia da adoração a Deus Pai em Ap 4:8-11 é a mesma que se aplica ao Cordeiro (Jesus) em Ap 5:8-14.

O Novo Testamento ainda nos mostra a onipotência de Jesus em Mt 28:18 e sua onisciência em Jo 4:16-18 e Lc 19:1-5.

Por Anchieta Campos

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