quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O retorno de um apologista










“Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo o propósito e para toda a obra” Ec 3:17


Passei um considerável tempo sem produzir artigos para o blog, bem como sem responder aos comentários aqui postados.


Sem entrar em maiores detalhes no momento sobre as causas desse período de inércia na administração deste meu humilde espaço, apenas venho informar nesta postagem que o meu retorno a normalidade na administração deste blog cristão é iminente.

Poucos comentários faltam ser publicados e respondidos, onde julgo que logo após cumprir essa minha obrigação, novas produções serão elaboradas e publicadas.

Por fim, desejo um 2010 marcado pela rica e poderosa graça de Deus para todos os leitores deste espaço.

Anchieta Campos

sábado, 26 de setembro de 2009

Blog do Anchieta: 02 anos marcantes



“Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele” Sl 118:24.

Há exatamente dois anos atrás, depois de muito e muito pensar, criei coragem e dei início a este ministério. A postagem onde publiquei a minha Declaração de Fé marcou o início de uma obra que viria a mudar significativamente a minha vida.

O Blog do Anchieta é representado nestes dois anos por 282 publicações, o que dá uma média de uma postagem a cada dois dias e meio. São artigos que tratam dos mais variados temas bíblicos e teológicos, sempre com o filtro da relevância para a cristandade.

Nestes dois anos sempre busquei escrever com uma mente e coração cativos com a Palavra de Deus. Aprendi (corretamente) que a Bíblia Sagrada deve reinar absoluta na vida de uma pessoa que se propõe a seguir a Cristo. Quem se dispõe a abraçar este vital ministério, que é o de escrever sobre a Palavra de Deus, deve ter a plena consciência da responsabilidade que pesa sobre os seus ombros, pois está a tratar do que há de mais precioso na vida de qualquer ser humano, que é a sua relação com Deus. Deve, portanto, o escritor cristão sempre priorizar agradar a Deus ao invés de agradar ao homem.

Nunca imaginei que o tímido e pequeno projeto de dois anos atrás fosse ganhar a repercussão que ganhou. A internet é, verdadeiramente, um poderoso meio de comunicação. Cada vez mais comentários surgiam, dos mais diversos estados do Brasil; cada vez mais a rede de escritores cristãos amigos ia crescendo. Nestes dois anos tive o prazer de conhecer e interagir com sábios irmãos, tanto pentecostais como calvinistas, diáconos, presbíteros, pastores, professores de Escola Dominical, além de escritores renomados da CPAD. Ser citado e referenciado por nomes de destaque da literatura evangélica nacional é algo notavelmente gratificante. Enfim, este trabalho chegou onde nunca imaginei que poderia chegar, sendo o que hoje é pela infinita graça e misericórdia de Deus, O qual merece toda a honra e toda a glória pelos frutos deste trabalho.

Frutos? Sim, frutos! Gozo maior que ser reconhecido por pessoas gabaritadas era o de receber palavras de pessoas simples, crentes sem destaque algum, que gratificados vinham externar, voluntariamente, que tiveram algo acrescentado em suas vidas através dos escritos deste blog. Foi a partir daí que tive uma noção mais real da nossa responsabilidade como blogueiros evangélicos. Por mais que pensamos que não, somos sim vistos, somos sim lidos, somos sim formadores de opinião, e formadores de opinião de pessoas humildes, que querem verdadeiramente servir de um modo melhor a Deus, as quais merecem sim serem bem orientadas.

Mas nem tudo são flores. Oposições vieram, e eram até esperadas. Eu já sabia que a sã doutrina e a verdade bíblica incomodam as seitas e os propagadores de heresias, mas nunca imaginei que determinadas pessoas fossem ser incomodadas pelos meus escritos. Receber oposição da pessoa que, ao menos teoricamente, deveria me dar mais apoio, é algo que nunca esperei passar.

O trabalho continua. Rogo a Deus que sempre me mantenha fiel a sua Palavra, me dando sabedoria para que possa ser um fidedigno defensor e divulgador do Evangelho da Salvação. Que eu nunca venha a me corromper pelas seduções deste mundo, para que assim quando eu escrever seja sempre uma representação da boa e agradável vontade de Deus, a qual já se encontra eternizada e suficientemente posta em sua Palavra. Amém.

Com gratidão,

Anchieta Campos

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Como surgem as heresias

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias Gl 5:19,20.

Como já defini em outro artigo neste blog, a palavra grega para heresia é hairesis, que significa “escolha, partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola, etc.”, mas que com o passar do tempo adquiriu um sentido pejorativo, ainda no Novo Testamento (1 Co 11:19; Gl 5:20; 1 Pe 1:1-2), passando a expressar a idéia de “introduzir ensinos cismáticos na congregação sem qualquer respaldo na Palavra de Deus”.

As heresias representam um dos principais males que atingem a igreja evangélica atual. O meio protestante, que se iniciou justamente através da luta contra os ensinos sem respaldo bíblico, hoje se vê afogado nos mais diversos modismos e heresias destes tempos trabalhosos, onde são muitas as denominações que fogem dos princípios bíblicos, e poucas, que mesmo com suas falhas, ainda mantém um considerável respeito à ortodoxia bíblica. Do mesmo modo são muitos os super-pregadores e ídolos do mundo gospel-music que propagam heresias e mais heresias, que na sua grande maioria passam despercebidas pela grande massa evangélica.

Trata-se, com efeito, de um erro não simples e tolerável, mas, como bem frisou o apóstolo Paulo, de uma das infelizes e destruidoras obras da carne, a qual jamais poderá ser esquecida e tolerada por aqueles que verdadeiramente amam a Palavra de Deus.

Mas, como surgem as heresias? Quais os motivos que as fazem nascer? O que se passa na cabeça de uma pessoa que adere e ensina uma heresia? Como sempre, a Bíblia com a resposta.

Interesses pessoais

“E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples” Rm 16:17,18.

Há um paralelo cristão bem conhecido: o homem com seus prazeres e interesses desta vida (dinheiro, poder, status, prazeres da carne, etc.), e o homem com Jesus e fitado na salvação eterna da alma. Não há como estar nos dois pólos. Ou se é um homem carnal/secular, ou um homem espiritual. E um dos motivos para que as heresias surjam é exatamente este. Como bem disse Paulo, existem homens que por interesses pessoais e terrenos (“ao seu ventre”) acabam enganando seus próximos e deturpando a doutrina bíblica, servindo aos seus próprios interesses escusos.

Os tais não servem a Cristo, não são espirituais, mas servem a si mesmos, aos seus interesses materiais e ilícitos, mesmo que para isso tenham que promover escândalos contra a doutrina bíblica (i.e., disseminar ensinos contrários a ortodoxia reconhecida pela comunidade verdadeiramente cristã). Tal rebelião contra a sã doutrina é, por sua natureza e definição bíblica, voluntária e consciente, a qual vem contrariar na prática os ensinos de termos um cuidado verdadeiro uns para com os outros, principalmente para com os mais necessitados (cf. Rm 15:26,27; 1 Co 12:25,26 e Gl 2:10), e de não fraudar a Palavra e os símplices por causa de interesses pessoais.

Ganância/Avareza

“Aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância Tt 1:11 (cf. 1 Pe 5:2).

“E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” 2 Pe 2:1-3 (cf. Lc 12:15; 1 Ts 2:5; Hb 13:5).

Ganância, segundo a Wikipédia, “é um sentimento humano negativo que se caracteriza pela vontade de possuir somente para si próprio tudo o que existe. É um egoísmo excessivo direcionado principalmente à riqueza material, nos dias de hoje pelo dinheiro. Contudo é associada também a outras formas de poder, tal qual influencia às pessoas de tal maneira que seus praticantes chegam ao cúmulo de corromper terceiros e se deixar corromper, manipular e enganar chegando ao extremo de tirar a vida de seus desafetos”.

A avareza, do grego pleonexia, significa a sede de se possuir mais. Essa palavra grega também é costumeiramente traduzida por ganância.

Esse sentimento nada cristão, representado por estas duas palavras, é mais um dos motivos que levam ao surgimento de falsos ensinos, e que também foi desqualificado e censurado pelo apóstolo Paulo (cf. 1 Tm 6:7-10). Na verdade é um sentimento que é englobado pelo grupo/gênero dos interesses pessoais.

É realmente comum vermos nas igrejas da atualidade pregadores e líderes que deturpam a simplicidade e pureza da Palavra, onde, movidos pela mais definida avareza/ganância, realizam sermões em que defendem suas comodidades e interesses pessoais, mesmo que para isso venham a blasfemar o caminho da verdade (deturpar a Palavra, i.e., propagar heresias) e fazer negócio pessoal através dos membros.

O pior é que, como bem a Palavra já predisse, uma grande porção dos que se dizem cristãos estão seguindo tais falsos profetas, dando crédito as suas heresias, rejeitando assim a Palavra de Deus.

Tal rebelião é também, por sua natureza e definição bíblica, voluntária e consciente, a qual também vem a contrariar os ensinos anteriormente elencados.

Falta de maturidade doutrinária

“Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” Ef 4:14 (cf. At 17:11; Ap 2:2).

Notadamente um cristão que tem um conhecimento teológico mais apurado, e assim uma conseqüente estabilidade doutrinária, estará mais protegido de todo vento de doutrina que possa surgir através dos homens astutos que espalham o engodo. Uma igreja madura doutrinariamente nunca irá abraçar uma heresia, mesmo que exista quem a espalhe; e em não havendo aceitação de determinado ensino herético, o mesmo tende a ser extinto, ou ao menos se perder da memória do povo.

Tal rebelião não vem a ser estritamente voluntária e consciente, mas deve-se destacar que é responsabilidade do cristão buscar conhecimento na Palavra de Deus.

Afirmar o que não se entende
“Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam” 1 Tm 1:6,7 (cf. 1 Tm 6:4).

Ao se querer entender algo sem estar preparado para tanto, e conseqüentemente querer ensinar algo que não se tem um domínio pleno da matéria, resulta, por conseqüência lógica, em desvios doutrinários.

Tal mutação bíblica não é voluntária e consciente em sua essência, ou seja, não há dolo em quem a pratica, mas sim culpa, pois resulta de uma abordagem e explanação realizada sem propriedade do tema, movida pela arrogância de quem quis ser algo além de sua real capacidade. Não deixa, evidentemente, de ser um fato reprovado por Deus.

Conclusão

As heresias podem surgir das mais diversas formas; estas aqui expostas são apenas as principais, as quais acabam tendo uma relação bem abrangente com quase todas as heresias da cristandade.

Pelo exposto aufere-se que as heresias, para surgirem e ganharem força, dependem tanto da negligência da liderança, bem como da imperícia da grande massa dos membros. É patente que a responsabilidade dos líderes é bem maior e mais decisiva para se evitar o nascimento e difusão de heresias, mas uma igreja bem preparada biblicamente pode fugir da regra de que a mesma é o reflexo de sua liderança (mesmo sabendo que isso é bem raro).

Não existe outro remédio a não ser disseminar cada vez mais uma cultura teológica no meio evangélico, tanto de capacitação dos líderes como dos liderados. Todo o corpo eclesiástico precisa estar bem teologicamente para se evitar a alimentação das heresias no meio reformado.

Com essa qualificação, mesmo com a presença dos corrompidos de coração e mente, os quais tentarão distorcer a Palavra em proveito próprio, teremos a tranqüilidade em saber que a sã doutrina sempre será vencedora. Amém.

“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” 2 Co 11:3.

Em Cristo,

Anchieta Campos

sábado, 19 de setembro de 2009

Jesus: o único caminho de volta para Deus


“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” Jo 14:6.

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” At 4:12
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Solus Christus
Anchieta Campos

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tradições assembleianas que devem acabar

Transcrevo abaixo um artigo do nobre teólogo e irmão em Cristo, Gutierres Siqueira, editor do blog Teologia Pentecostal. Referido artigo expõe algumas tradições que contemplamos principalmente nas Assembléias de Deus do nosso Brasil, as quais carecem totalmente de respaldo bíblico.

Como estava pensando em fazer uma publicação com abordagem semelhante, deliberei por honrar meu nobre amigo Gutierres e sua produção, transcrevendo na íntegra suas palavras.

Hora de revisar as tradições

Há muitas tradições nas Assembléias de Deus que já passaram de hora para acabar.

Qual a funcionalidade daquele monte de homens engravatados sentados em uma plataforma? Pergunto isso, pois muitas vezes presenciei cenas desagradáveis, como visitantes e idosos de pé, enquanto os “engravatados” esticavam as pernas em cima da plataforma. Quantas vezes enquanto o pastor prega, os cooperadores e diáconos conversam, assim chamando à atenção de todos?

Por que pastores precisam ter a cadeira mais bonita da plataforma? Os pastores são uma categoria especial de pessoas? O líder cristão primeiramente não tem que servir? O serviçal terá a cadeira de um rei? Aliás, já vi em uma igreja vagas no estacionamento separadas exclusivamente para os pastores. Meu Deus! Que segregação é essa?

Por qual motivo homens e mulheres sentam em bancos separados? Por acaso os irmãos são tão perigosos que podem atacar as irmãs durante o culto? Que malícia é essa? Por que um casal tem que passar duas horas separados um do outro? Será que ninguém pensa nas mulheres com crianças? Elas precisam da ajuda do esposo para cuidar do pentelho. Ou não?

Por que alguém nas Assembléias de Deus para ser ordenado pastor precisa passar pelas escalas de cooperador, diácono, presbítero e evangelista? Será que a vocação pastoral é o último estágio de alguém que apresenta todas as vocações possíveis? Será que alguém que tem um chamado pastoral terá necessariamente um chamado para evangelista? Que escala é essa? Parece mais um plano de carreira, mas sem sustentação bíblica para a sua justificativa.

Ora, são essas algumas das inúmeras tradições ultrapassadas, que mais atrapalham do que ajudam e ainda por cima saem muitas vezes acima das Escrituras. Colocar uma tradição acima da Bíblia é um pecado eclesiástico gravíssimo!”
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Gutierres Siqueira tem 20 anos, é bacharelando em Comunicação Social/Jornalismo, bem como é professor de Escola Dominical na Assembléia de Deus em São Paulo-SP, Congregação do Jardim das Pedras.

Em Cristo,

Anchieta Campos

sábado, 5 de setembro de 2009

Dízimo, graça e maldição

É comum vermos em nosso meio frases do tipo: “Irmão, se você não der o dízimo você vai ser amaldiçoado!”, “Se quiser ser abençoado e repreender o devorador, dê o dízimo!”, e alguns vão mais além e colocam o dízimo como um fator indispensável para a salvação. Mas, afinal de contas, qual a posição do dízimo para a Igreja do Senhor Jesus? É ele um meio objetivo de se conseguir as bênçãos de Deus? A sua não observância resulta em maldição para o cristão? O que a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, ensina a respeito do dízimo? Vamos procurar de forma sucinta e objetiva responder a estas perguntas.

O dízimo é uma obrigação para a Igreja?

Não, o dízimo não é uma obrigação para o cristão. Diferentemente da Antiga Aliança, onde fora determinado que Israel entregasse o dízimo (Lv 27:30-32; Nm 18:21-28; Dt 12:6,11,17; 14:22; Ml 3:10), não vemos no Novo Testamento nenhum ensino em relação ao dízimo com o mesmo tom imperativo da Antiga Aliança.

A passagem de Mt 23:23 (cf. Lc 11:42) é destinada aos judeus, e não aos cristãos. Já em relação ao dízimo de Abraão (Hb 7:2-9), tem-se que o mesmo, bem como o de Jacó, não passaram de atos de gratidão meramente voluntários (Gn 14:20; 28:20-22), sem nenhuma imposição escrita da parte de Deus, haja vista estas ofertas terem sido realizadas bem antes da instituição da lei.

Simplesmente não vemos em todo o Novo Testamento nenhum registro do exercício do dízimo na Igreja! Vemos que toda e qualquer espécie de contribuição financeira era realizada sob os moldes da voluntariedade (2 Co 8:3,11,12; 9:1,2,7) e da proporcionalidade das rendas de cada um (1 Co 16:2; 2 Co 8:12), mas nunca sob o crivo matemático dos 10%. Lembremo-nos do clássico caso de Ananias e Safira (At 5:1-10), onde percebemos no versículo 4 que Ananias detinha o total poder sobre o preço da herdade, não se reservando a décima parte para oferta. Ele poderia dar algum valor em oferta ou não; poderia dar a metade (Lc 19:8), tudo (Lc 21:2-4), uma terça parte, ou poderia, como bem disse Pedro, não dar nada.

É claro que nós, como cristãos, temos a responsabilidade bíblica de contribuir financeiramente para diversos fins. Valiosa é a observação do memorável teólogo Donald C. Stamps, em sua Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), no estudo “Dízimos e Ofertas”:

“Nossas contribuições devem ser para a promoção do reino de Deus, especialmente para a obra da igreja local e a disseminação do evangelho pelo mundo (1 Co 9.4-14; Fp 4.15-18; 1Tm 5.17,18), para ajudar aos necessitados (Pv 19.17; Gl 2.10; 2 Co 8.14; 9.2), para acumular tesouros no céu (Mt 6.20; Lc 6.32-35) e para aprender a temer ao Senhor (Dt 14.22,23)”.

Destaque-se que o próprio Stamps, no citado estudo, em nenhum momento afirma que o dízimo é uma prática obrigatória para a Igreja. E olha que estamos falando de uma das obras teológicas mais clássicas e difundidas do meio assembleiano, notavelmente respeitada em nosso meio.

A prática de dizimar garante a bênção de Deus?
Não, o mero ato do crente dizimar não garante, em hipótese alguma, as bênçãos de Deus sobre sua vida. Até mesmo na Antiga Aliança, onde os judeus tinham a promessa de Deus da bênção em decorrência do dízimo (Ml 3:10-12), podemos contemplar exortações como as constantes em Am 4:1-12, onde percebemos que o dízimo não era fator objetivo da proteção divina contra o justo juízo do próprio Deus. Como bem observou Donald Stamps, na já citada Bíblia de Estudo Pentecostal: “De nada valiam, pois, seus sacrifícios e dízimos”.

Semelhantemente de nada aproveitou, para a justificação perante Deus, os dízimos que o fariseu dava (Lc 18:9-14).

Lembremo-nos que não estamos, em hipótese alguma, em condições de barganhar com Deus as suas bênçãos (Mc 8:37; At 8:17-20; Rm 4:4).

Quem não observa o dízimo está sob maldição divina?

Outra vez, não. Como já exposto acima, o dízimo não é uma obrigação para o cristão, e em não sendo uma obrigação, tem-se por lógico que não há maldição para o cristão que não entrega o dízimo.

Conclusão

Podemos concluir que a prática de dizimar em si não detém valor fundamental na sistemática cristã, sendo a sua prática ou não mero fator secundário, coberto pela liberalidade da graça (cf. 2 Co 9:13). Quem pratica o dízimo com voluntariedade e alegria, com o intuito de ajudar a obra do Senhor, com certeza faz algo que agrada a Deus. Igualmente o cristão que contribui de modo racional com ofertas não delimitadas a 10%, seja para a manutenção da igreja local, de obras missionárias, ou até mesmo para ajudar aos pobres e necessitados, com certeza também estará agradando a Deus.

Lembremos, por fim, que as ofertas e dízimos devem ser para cobrir as necessidades de quem faz jus (cf. At 4:34,35; Rm 12:13; 2 Co 9:12; Ef 4:28; Fl 2:25), e nunca para enricar ninguém, seja pastor ou irmão em Cristo. O cristão é responsável pelo modo como “gasta” seu dinheiro (cf. Is 55:2), devendo fazer justiça sempre, até mesmo na hora de contribuir financeiramente para o Reino. Destinar ofertas e/ou dízimos para uma igreja mais necessitada não é errado, sendo inclusive bíblica tal prática (cf. Rm 15:26; 1 Co 16:1-3). Enfim: há muitas maneiras sadias de se contribuir financeiramente para a promoção do Reino de Deus.

Com amor,

Anchieta Campos

sábado, 29 de agosto de 2009

5.000 blogueiros evangélicos

Não faz muito tempo que postei o selo comemorativo em alusão a marca de 4.000 escritores cadastrados na União de Blogueiros Evangélicos do Brasil (UBE). Pois é, em cumprimento as palavras do Mestre Jesus contidas em Mc 4:30-32, essa união de escritores/comentadores da Palavra de Deus acaba de atingir mais uma marca histórica: agora já somos 5.000 pensadores cristãos espalhados por todo o Brasil, divulgando e defendendo a Palavra de Deus e seus ensinos doutrinários, morais e éticos.

São pastores, presbíteros, diáconos, evangelistas, jovens, mulheres, escritores renomados (inclusive da nossa querida CPAD), enfim, são crentes que tem em sua mente o eterno pensamento da soberania absoluta da Bíblia Sagrada, sendo ela a nossa autoridade máxima em matéria de fé e vida cristã, a nossa única fonte para toda e qualquer análise que se faz da sistemática doutrinária cristã.

Verdadeiramente, repito, a UBE é um braço estendido do Senhor sobre o Brasil, a qual já é reconhecida e respeitada pelas principais denominações protestantes e pela grande mídia nacional, se fortalecendo e cultivando cada vez mais um poder de influência (para o bem da ortodoxia cristã) de notória nobreza. Destaque-se que são apenas dois anos de UBE, tendo a mesma nascido em 30 de agosto de 2007.

“Neste biênio, o blog UBE foi citado pelo portal Terra, Jornal O Dia, Rede Record de Televisão, revista Enfoque Gospel e Agência Senado. Mas, o que nos motiva a dar continuidade neste projeto não é a mera conquista da notoriedade, tudo neste mundo passa, queremos propagar o cristianismo virtualmente. Com os pés no chão, sem fanatismos, sem alienação.

Neste processo de evangelismo virtual, como blogueiros cristãos, evangélicos, membros do organismo espiritual que é a Igreja invisível, o Corpo de Cristo, é sui generis manter acesa a nossa união. É através da unidade que Deus ordena a bênção e a vida para sempre (Salmo 133)”
Eliseu Antônio Gomes.

Parabéns aos 5.000 atalaias da sã doutrina, da boa moral e da justiça social. Que o nosso bondoso e poderoso Deus nos abençoe cada dia mais com a sua graciosa sabedoria, para que assim nunca venhamos a aprender algo de forma errada, nos qualificando para que sejamos sempre propagadores da boa, agradável, perfeita e imutável vontade de Deus, externada em sua suficiente Palavra.

Triste mesmo é vermos, e isso tem que ser aqui registrado, na contra mão deste belo desenvolvimento do saber cristão, certos pastores e líderes locais que se levantam contra este nobre ministério, censurando os membros de suas igrejas que publicam conteúdo cristão na internet. Qual o temor? Algo de errado nas publicações de suas ovelhas? Se sim, então mostrem onde está a incoerência bíblico/teológica, e assim ajudem suas ovelhas a se desenvolverem melhor no conhecimento da graça do nosso Senhor Jesus Cristo. Caso contrário, peço-lhes apenas para reconhecerem a realidade, se despindo das roupas da ditadura e da ignorância.

O desenvolvimento ortodoxo da mente de um cristão é algo tão belo e importante que nunca deve ser censurado, mas sim sempre incentivado.

Viva a UBE! Viva ao conhecimento! Viva a liberdade de expressão! Viva a Palavra de Deus! Viva ao bendito nome de JESUS!

Sola Scriptura!

Com amor,

Anchieta Campos

Dedada nasal “santa”

Fiquei sabendo de uma ontem que tinha que ser registrada neste espaço. Em uma congregação assembleiana de uma cidade que, digamos, eu conheço bem, uma irmã se levantou em “profecia” para outra irmã, e a dita “profecia” não era nada “agradável”, motivo pelo qual a irmã alvo da “profecia” se levantou e disse que não recebia tais palavras.

E o que a “profetisa” fez? Ainda tomada pelo “mistério”, ela simplesmente empurrou o dedo indicador no nariz da irmã dizendo: “Você receeeeeba!!!”.

A “profecia” a irmã não quis receber, mas uma dedada no nariz ela não teve muita escolha!

É triste.

“Faça-se tudo decentemente e com ordem” 1 Co 14:40.

Sola Gratia!
Com amor,

Anchieta Campos

sábado, 22 de agosto de 2009

Bênção apostólica?

A chamada “bênção apostólica” não é nenhuma novidade no meio evangélico. Ela é tão comum e conhecida como a tradicional leitura feita nos cultos de Santa Ceia (1 Co 11:23-34). Mas, assim como os católicos se prostram diante das imagens sem saber o fundamento de tal prática, do mesmo modo os evangélicos curvam as suas cabeças e abrem suas mãos estendidas em direção ao céu para receberem a dita bênção.

A bênção apostólica é proclamada sempre ao final de cada culto, sendo que somente o pastor local é quem tem a “competência espiritual” para “impetrá-la”. A mesma nada mais é do que o versículo final da segunda carta de Paulo aos coríntios “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém” 2 Co 13:13; palavras estas que são simplesmente uma oração de Paulo clamando em favor dos mesmos.

No que pese o seu valor espiritual, por se tratar de uma oração proferida em nome da Trindade, a qual ainda engloba em sua petição três fatores fundamentais na vida de qualquer cristão (graça divina, amor divino, e comunhão divina), a referida “bênção”, nos moldes como vemos ela hoje sendo praticada nos cultos evangélicos, não passa de uma prática sem o menor respaldo neo-testamentário.

Não quero aqui ser contencioso, nem mesmo ser o causador de uma mudança de prática eclesiástica, mas tão somente fazer um esclarecimento bíblico, para que assim cada crente possa conhecer melhor uma prática tão comum em nosso meio.

Essa “bênção apostólica” (ou oração) nada mais é do que uma herança do catolicismo romano, a qual remonta em sua origem para a bênção aarônica (ou araônica, também conhecida entre os judeus como Nesiat Kapayim, i.e., estender as mãos), assim chamada a bênção descrita em Nm 6:23-27. Assim se expressou o Papa Leão XIII em sua Carta Encíclica Inscrutabili Dei Consilio:

“A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, a caridade de Deus e a comunicação do Espírito Santo sejam com todos vós (2 Cor 13, 13), Veneráveis Irmãos, e é de todo coração que, a Vós e a cada um em particular, bem como aos Nossos caros filhos o clero e os fiéis de vossas Igrejas, concedemos a bênção apostólica como penhor da Nossa especial benevolência e como presságio da proteção celeste”.

Na verdade todos os cristãos estão autorizados a abençoar e a orar por quem quer que seja (At 12:5; Rm 12:14; Ef 6:18; Cl 4:2,3), diferentemente da Antiga Aliança, onde havia a figura do sacerdote como o principal responsável pelo ministério da oração e da ministração da bênção (cf. Lv 9:22; Dt 21:5; Js 8:33; 1 Cr 23:13; 2 Cr 30:27). Destaque-se que na Nova Aliança todos os crentes são como sacerdotes (Ap 1:6, cf. 5:10), o que implica dizer que todos tem a competência para exercer o ofício da oração e da ministração da bênção.

Esclareça-se, ainda, que não somos nós em si que abençoamos, mas, como já exposto, apenas oramos pedindo uma bênção sobre alguém (podendo Deus conceder a mesma ou não), haja vista que “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” Tg 1:17, cf. Nm 6:24 e Rt 2:4. Portanto, nenhum crente, independentemente do cargo eclesiástico que ocupa, é detentor de uma unção especial para conceder determinada bênção em detrimento da incapacidade espiritual dos demais. Crer que somente o pastor de uma igreja local é quem tem autoridade para conceder determinada bênção é o mesmo que estar colocando nele a origem da mesma, dando a ele a posição de detentor e distribuidor da bênção, o que contraria o acima exposto.

As palavras de 2 Co 13:13 recitadas ao final de cada culto não podem ser tidas como palavras milagrosas ou mágicas. Lembremos que Deus condena a repetição de palavras na oração (Mt 6:7), bem como que Paulo não repetiu no encerramento de nenhuma outra carta a oração de 2 Co 13:13. Além do mais, antes das palavras em si que são usadas para se pedir algo, a fé é bem mais importante em uma oração (Hb 10:22, Tg 1:6,7).

A referida “bênção apostólica” não é uma bênção especial, mais nobre do que as demais orações abençoadoras, mas tão somente é um apego literal a uma passagem do Novo Testamento. Sua prática e observação não vem a ser um pecado em si, pois, como já dito, a ordem bíblica é para sempre “abençoarmos” (i.e., pedirmos a bênção sobre alguém), e creio que a fé e a boa intenção das pessoas envoltas na “bênção apostólica” acabam-na tornando eficaz em alguns casos.

Então a mesma deve acabar? Não digo que sim, e nem digo que não. Digo que cada igreja deve ter ciência da verdade bíblica aqui exposta, e assim decidir o que achar melhor, ou simplesmente deixar que o tempo e o costume digam o que deverá acontecer com a “bênção apostólica”.

Mas que a referida “bênção”, como a vemos hoje no final de cada culto, foge da sistemática bíblica, isso é um fato inconteste!

Anchieta Campos

sábado, 15 de agosto de 2009

Apenas cinco anos de uma nova vida

Os cuidados desta vida fizeram com que a data passasse despercebida, mas hoje me lembrei que dia 13 de agosto (última quinta-feira) fez cinco anos que entreguei minha vida ao Senhor Jesus, confessando-o como meu único e suficiente Salvador. Sem sombra de dúvidas foi a melhor escolha que eu tomei em toda a minha vida.

Estou aprendendo, caminhando, crescendo e se desenvolvendo na fé cristã. Sou uma criança de cinco anos a qual pouco tem a ensinar, mas muito tem a aprender. Minha oração é que Deus nunca permita que eu aprenda algo errado, para que assim eu nunca venha a ensinar algo que não se deve.

“Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará” Salmo 37:5.

Anchieta Campos

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Globo, Record e o escândalo universal

Ontem pela noite contemplei um duelo de gigantes nacionais. Nunca tinha visto duas redes nacionais de televisão tão diretas e dedicadas em defesa de seus interesses, se enfrentando com o melhor que tem. E sabe quem ganhou a batalha de ontem? Claro que foi a Globo.

Vídeos são provas fortes demais. Bispos da Universal pedindo carros, casas, ofertas de 100 mil reais, dízimos no piso de mil reais, culminando com o cúmulo do absurdo que foi pedir o sustento da família como oferta, e encerrando com chave de ouro com um certificado “assinado” por “Jesus Cristo”, são fatos fortes demais para ignorar. Isso sem falar no vídeo onde passa Edir Macedo feliz que nem pinto em areia ao ver os seus “pouquinhos” dólares norte-americanos.

E a Record? Fez seu dever de casa em defender o patrão. Mas não tinha como. O apoio testemunhal é o mais fraco que ela poderia usar, e quem estuda Direito sabe que a prova testemunhal é a prostituta das provas. O argumento de que a Universal aumenta grandemente em números de fiéis (o que seria um atestado de qualidade e satisfação dos membros) é pífio e frágil por excelência. Esse grande número de adeptos se justifica tranquilamente com o uso maciço da grande mídia, sua reconhecida marca de ser uma igreja liberal na moral e bons costumes, bem como pelo fato da teologia da prosperidade ser bem atrativa para os indoutos. E as ações sociais? Para tanta riqueza é pouco.

Não é nem preciso dizer que todas as práticas da Universal para arrancar dinheiro dos seus fiéis são totalmente anti-bíblicas, anti-morais, anti-éticas, anti-sociais e anti-lógicas. Nenhuma igreja evangélica é perfeita (na verdade nenhuma instituição humana é), nem a minha Assembléia de Deus, mas certas práticas fogem de todo limite da ética e moral.

Destaque-se ainda que a Universal é hoje a igreja mais rica da América Latina, sendo que tem apenas 32 anos de existência. Apenas para se ter uma noção, a Igreja Presbiteriana do Brasil tem 147 anos, a Igreja Batista no Brasil tem 138 anos, a Luterana tem 105 anos, e a Assembléia de Deus fará seu centenário em 2011. Agora junte o patrimônio dessas quatro igrejas e compare com o da Universal para ver se chega pelo menos perto.

Por essas e outras que eu digo, pelo bem do seguimento genuinamente protestante: chega de escândalos no Reino Universal! Amém.

“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” Fl 3:18-20.

Ver ainda meus artigos: “A Bíblia apóia o comunismo?” e “Uma pequena exegese de Fl 4:13”.

Com amor,

Anchieta Campos

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Silas Malafaia, Morris Cerullo e a unção financeira

Quase que não acreditei quando me contaram, e quase que não acreditei quando vi o vídeo no YouTube, mas sim, é verdade! E que triste verdade!

Veja o vídeo clicando AQUI.

Não vou nem me dar ao trabalho de rebater novamente essa famigerada Teologia da Prosperidade e afins (já fiz isso no artigo Uma pequena exegese de Fl 4:13), mas gostaria apenas de destacar que não sei o que é pior: ter líderes assembleianos (e de demais denominações) que apóiam estes absurdos, ou ter uma grande quantidade de assembleianos (e de demais denominações) que deram os novecentos reais.

Não entendo também a absurda inércia da CGADB e os seus Conselhos de “Doutrina” e “Ética e Disciplina”. E olha que a atual administração é “oposição”! Imagine se “Belém do Pará” tivesse sido eleito!

Por fim, o argumento de “2009” para o valor da oferta é uma verdadeira piada. Por que então a oferta não foi estipulada em nove (o que seria mais lógico) ou em noventa reais? Mas alguém poderá argumentar (e até com uma certa razão) que novecentos reais para receber as bênçãos de Deus está bem barato; e na verdade não há dinheiro no mundo que pague as bênçãos de Deus sobre nossas vidas. Mas difícil mesmo é achar respaldo bíblico para a doutrina da barganha financeira com o Eterno Deus. Acho que a palavra “graça” não foi bem assimilada por essa turma da prosperidade.

“E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” 2 Pe 2:1-3.

Com amor,

Anchieta Campos

sábado, 8 de agosto de 2009

Agora já são 23 anos

Hoje, 8 de agosto de 2009, tenho a imensurável graça de completar mais um ano de vida. São 23 anos dos quais só tenho a agradecer a Deus. O tempo passa e os seus efeitos nos atingem, mas a certeza da proteção do Deus de Israel é cada dia mais marcante.

Tudo que tenho e tudo que sou hoje devo ao meu gracioso e poderoso Deus, o qual me concedeu uma família abençoada e a qual eu amo muito; família esta que secularmente falando é o alicerce da minha vida. Grandes amigos fiéis também logrei nestes 23 anos, o que é uma das maiores dádivas divinas que um homem pode receber em vida.

Enfim, só me resta tributar a Deus toda a honra e toda a glória pela minha vida. Não sou merecedor de absolutamente nada que sou e tenho hoje, o que atesta, de forma incontestável, a infinita misericórdia e graça do nosso Deus, o qual está disposto e pode proporcionar a qualquer ser humano, por intermédio do Senhor e Salvador Jesus Cristo, o maior presente de todos, que é a certeza de uma vida eterna de gozo, comunhão e paz.

“Pois tu és a minha esperança, Senhor DEUS; tu és a minha confiança desde a minha mocidade” Salmo 71:5.

Anchieta Campos

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Dançar no espírito? Dança como adoração?

Estava eu certo dia (não muito distante) em um culto campal aqui em Pau dos Ferros, quando ouvi uma cantora que já se encontrava cheia (não do Espírito, mas com uma vontade bem exótica para um culto) falar ao microfone: “Oh vontade de dançar irmãos!!”. Quando escutei tal afirmação logo pensei que iria ver alguma performance de adoração extravagante através da dança, imaginando a irmã dando uns rodopios, umas batidas de pé, ou, quem sabe, com muita falta de sorte, talvez ela fizesse algumas “estrelinhas” ou “plantasse uma bananeira”. Em seguida ela soltou: “Vamos dançar no espírito!!”; imediatamente eu já olhei ao redor em procura de uma irmã para ser meu par na dança! Que situação!

Temendo que a irmã realmente viesse a por em prática a sua fala, fiz uma curta oração comigo mesmo: “Senhor, é um culto campal, tem muito incrédulo vendo; peço a sua intervenção para que não permita que essa ‘abençoada’ venha a dar uma de dançarina aqui hoje. Em nome de Jesus. Amém”. Não sei se foi por minha oração, mas o importante é que a cantora resolveu ficar sendo só cantora. Aleluia!

A dança, até onde tenho conhecimento da história da Igreja, nunca fez parte da liturgia do culto de adoração a Deus, vindo somente a ser introduzido como meio de “adoração” de um tempo recente para cá. A bem da verdade, não há nenhuma passagem no Novo Testamento que relate o uso da dança pela Igreja no culto formal ao Senhor, bem como não há nenhum indício que a dança seja um meio de adoração a Deus.

A dança é gerada e desenvolvida por um estímulo notadamente externo, qual seja, a batida e o ritmo da música, suplantando assim de cara a letra e o conteúdo da canção, bem como desvirtuando a essência da adoração a Deus, a qual deve ser em espírito e em verdade (Jo 4:23,24), i.e., interna, movida pelo espírito, pelo íntimo de cada um, e não pela batida e ritmo de uma música, os quais embalam mais a carne do que o espírito.

Os elementos bíblicos do culto a Deus são expostos em 1 Co 14:26 “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. Onde está a dança? Em lugar nenhum! O apóstolo Paulo, fazendo referências sobre a adoração ao Senhor, assim se expressa em Ef 5:19 “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”. Mais uma vez a dança não é mencionada!

Na verdade a adoração está majoritariamente relacionada com o louvor, devendo este ser sempre externado por um coração sincero e devoto a Deus, cf. Cl 3:16 “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração”. Percebe-se novamente, através deste importante versículo, que não se vê nenhuma menção a dança como forma de adoração a Deus, ou como sendo algo edificante (ensino e admoestação).

E quanto às danças de Davi e Miriã? Destaque-se de pronto que as mesmas não foram realizadas em um culto coletivo a Deus. Outro fator importante é que o próprio Davi, por oportunidade em que estabelecia a sistemática organizacional do culto a Deus, não instituiu a dança como parte integrante da liturgia do mesmo (1 Cr 6:31,32; 1 Cr 25). Por fim, essas danças foram motivadas prioritariamente por uma alegria de cunho patriota, pela vitória de Israel sobre os seus inimigos. Assim já se expressou o pastor e escritor assembleiano Ciro Sanches: “Não só a dança de Davi, mas a de Miriã, também muito citada pelos “revolucionários”, foram atos à parte, fora do culto, patrióticos, pelos quais eles extravasaram a sua alegria. O Senhor não os condenou por suas danças, mas elas também não passaram a fazer, a partir de então, parte do culto coletivo a Deus”.

A dança, historicamente, nunca esteve relacionada com a Igreja do Senhor, sendo nada mais nada menos do que uma das formas do processo de secularização pelo qual a igreja evangélica está passando nestes últimos tempos. Lembremos por fim que o nosso culto a Deus deve ser feito nos moldes de 1 Co 14, sob o fundamento da ordem e decência, de modo que não venha a ser escândalo para ninguém (1 Co 10:32).

Com amor,

Anchieta Campos

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Aos fãs de Zaqueu

Complementando a postagem abaixo, transcrevo um recém artigo (o qual concordo plenamente) do pastor assembleiano Ciro Sanches Zibordi, o qual é pastor na Assembleia de Deus em Cordovil, Rio de Janeiro-RJ, Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e da Casa de Letras Emílio Conde, Colunista da Revista ECLÉSIA, e autor dos livros “Perguntas Intrigantes que os Jovens Costumam Fazer” (2003), “Adolescentes S/A” (2004), “Erros que os Pregadores Devem Evitar” (2005), “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria” (2006), “MAIS Erros que os Pregadores Devem Evitar” (2007), todos editados pela CPAD; além de também ser co-autor e editor-assistente da obra “Teologia Sistemática Pentecostal”, lançada em 2008 pela CPAD.

E qual a razão de eu ter feito essa apresentação do pastor Ciro? Simples: como tem pastor assembleiano pegando no meu pé, dizendo que eu não sei o que a minha igreja prega, dizendo que eu sou rebelde contra a doutrina da Assembléia de Deus, me ameaçando de exclusão em pleno púlpito, e blá, blá, blá, com tudo isso se eu fosse fazer uma análise crítica desse hino um dia depois desse tal pastor ter pedido para cantarem o mesmo e ter se declarado fã de “Zaqueu”, com certeza é que eu seria alvo das críticas do tal líder. Mas creio que o tal pastor não terá coragem de peitar o genuíno pastor assembleiano Ciro Sanches. Ou será que você terá coragem para isso Luis XVI?

Segue abaixo o artigo, o qual pode ser lido AQUI.

“Amargos fãs de Zaqueu, agradeço-lhes por me enviarem por e-mail e anonimamente “elogios” e críticas à análise que eu fiz neste blog acerca da canção “Faz um milagre em mim”. Chamo-lhes de fãs de Zaqueu porque vocês valorizam muito mais o miserável pecador Zaqueu do que o Misericordioso Senhor Jesus Cristo que o salvou!

Desculpem-me da resposta coletiva, mas não tenho tempo para responder a cada um de vocês, além de me recusar a fazer comentários a respeito de alguns impropérios que me foram dirigidos. Talvez vocês não tenham percebido os desvios contidos na aludida composição — o que eu compreendo, pois vocês são fãs, e os fãs costumam não ver os defeitos de seu objeto de idolatria. Por isso, vou relembrar-lhes por que a tal canção é contrária à Palavra de Deus.

Primeiro: o fato de a canção estar sendo cantada por pessoas mundanas com a maior naturalidade não é nada positivo, ao contrário do que vocês pensam. Isso é negativo! Por quê? Porque o mundo perdido tem, por natureza (Ef 2.2,3), aversão às coisas de Deus (1 Co 1.18; 2.14). Somente o Espírito é quem pode convencê-lo de que deve valorizar e receber a salvação. O evangelho não é nada simpático para o perdido pecador.

Segundo: Zaqueu não pode ter subido para chamar a atenção de Jesus. Por quê? Porque a Palavra de Deus diz, claramente, que aquele chefe dos publicanos queria apenas ver quem era Jesus, como se lê em Lucas 19.3: “E procurava ver quem era Jesus”.

Terceiro: se valorizarmos a subida de Zaqueu, estaremos admitindo que a iniciativa para a salvação é do homem, e não de Deus. Isso é gravíssimo! Por quê? Porque é o Espírito Santo quem convence o pecador (Jo 16.8-11). O pecador está morto, espiritualmente (Ef 2.1). Como poderia tomar a iniciativa de chamar a atenção do Salvador para si? O Senhor dotou o ser humano de livre-arbítrio, mas, no que tange à salvação, a iniciativa é sempre de Deus (Jo 6.37; Mt 13.1-8; At 17.30-34).

Quarto: é um grave erro cantar essa canção como se fosse um louvor ou uma oração. Na vida espiritual, temos de prosseguir, e não retroceder (Hb 6.9; 12.14; Pv 4.18). Quando eu digo: “Como Zaqueu, eu quero subir”, estou reconhecendo que desejo ser como era nos tempos do mundo, antes de ter a certeza da salvação. Foi somente depois de ter entrado na casa de Zaqueu que Jesus lhe disse: “Hoje veio salvação a esta casa” (Lc 19.9). Aquele homem não era salvo nem estava desejoso de ser salvo quando subiu no sicômoro, apesar de os seus fãs acharem, erroneamente, que ele queria chamar a atenção do Senhor.

Quinto: quando o crente canta: “Entra na minha casa, entra na minha vida”, está reconhecendo que ainda não é salvo! Por quê? Porque o crente fiel é morada de Deus em espírito (Jo 14.23; 1 Co 6.19,20). O servo de Deus não precisa pedir para Jesus entrar em sua vida, a menos que esteja desviado. E não me venham, caros fãs de Zaqueu, dizer que tenho de respeitar a licença poética, pois tudo tem limite.

Sexto: segundo a Bíblia (não fui eu quem escrevi o Evangelho Segundo Lucas), Zaqueu subiu na figueira apenas para ver quem era Jesus. E o Senhor, olhando para cima, lhe disse: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa” (Lc 19.5). Não foi Zaqueu quem chamou a atenção de Jesus. Foi o Senhor quem teve misericórdia do pobre Zaqueu!

Sétimo: o que deve ser destacado na história do miserável pecador Zaqueu foi o fato de ele ter atendido o chamamento do Maravilhoso Salvador Jesus Cristo (Lc 19.6). Ao subir, com muita facilidade, Zaqueu era um pecador perdido; ao descer, encontrou-se de fato com o Salvador e tornou-se um pecador regenerado (Jo 3.3).

Oitavo: Zaqueu não disse: “Largo tudo pra te seguir”. Mas, se vocês, amargos fãs de Zaqueu, realmente estão convictos de que a canção em apreço é bíblica e cristã, é preciso deixar mesmo a vida de pecado. E lhes pergunto: Por que aquelas moças do grupo de forró, que (quase nuas) cantam “Faz um milagre em mim”, não largam tudo para seguir a Jesus? Será que elas desejam, de fato, deixar a vida de pecado? Ou apenas cantam porque acham a canção bonita?

Nono: não foi Zaqueu quem pediu para Jesus entrar em sua casa (Lc 19.5). Mas os fãs de Zaqueu preferem valorizar as obras humanas, esquecendo-se de que a salvação é pela graça de Deus (Ef 2.8,9). Foi o glorioso Senhor e Salvador quem entrou na casa de Zaqueu. Não somos nós quem o convidamos para entrar na nossa vida. É Ele quem bate à porta do nosso coração (Ap 3.20) e nos convida a receber a salvação (Mt 11.28-30; Ap 22.17).

Diante do exposto, amargos fãs de Zaqueu, não faço questão de que gostem de mim, pois não escrevo para agradá-los nem para irritá-los. Apenas escrevo para mostrar-lhes o que realmente está escrito na Palavra de Deus. E desejo, sinceramente, que, em vez de fãs de Zaqueu, vocês sejam seguidores do Senhor Jesus. Mas, para fazer isso, é preciso renúncia (Lc 9.23).

Respeitosamente,

Ciro Sanches Zibordi”.

Anchieta Campos

Zaqueu no carnaval fora de época

Sábado a tarde um grande amigo meu teve um enorme engano. Explico. O mesmo estava em sua residência quando começou a escutar “Como Zaqueu, eu quero subir...”, em um alto volume, o que de pronto percebeu que se tratava de uma grande estrutura de som. Ele se animou e pensou: “Vou ligar para Anchieta e dizer a ele que venha logo, pois está tendo um grande culto aqui perto de casa” (isso já com um tom irônico). Quando ele chegou nas proximidades do som tirou a prova e percebeu que se tratava de uma tarde do carnaval fora de época de Pau dos Ferros.

E o que ele viu? Pessoas totalmente bêbadas cantando esse “hino”, dançando e pulando ao som do pagode de Zaqueu, mulheres que beijavam um e logo em seguida beijavam outro.

Então eu pergunto: qual a mudança de vida que esse hino proporciona em seus ouvintes? Qual a atmosfera espiritual que ele produz em quem o canta? Qual o fruto que ele tem produzido nos ímpios? E qual o fruto que ele tem produzido nos crentes?

“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração” Cl 3:16.

Com amor,

Anchieta Campos

domingo, 26 de julho de 2009

Para reflexão

Lendo a Palavra me deparei com três versículos bem interessantes do livro de Miquéias, os quais não serão objeto de uma exegese no momento, mas tão somente darei destaque aos mesmos para que uma reflexão possa ser realizada pelos prezados leitores deste blog.

“Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e príncipes da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo o que é direito, edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com iniqüidade. Os seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá” Mq 3:9-11.

Qualquer semelhança com o “Israel de Deus” (Gl 6:16) não é mera coincidência.

Com amor,

Anchieta Campos

terça-feira, 21 de julho de 2009

Em uma Assembléia de Deus desse Brasil

Considero essa postagem não como prazerosa, bem como não a vejo marcada com a qualificação de totalmente espontânea, mas a vejo mais como um dos “ossos do ofício” de se ter um blog dedicado a defesa da Palavra de Deus e seus princípios, mesmo que em detrimento a muitas tradições e costumes humanos.

Tomando por base os exemplos bíblicos de João Batista (Mt 3:7; 14:3,4; Lc 3:19), Paulo (Gl 2:11-14), e do próprio Cristo (Jo 2:15; Lc 13:31,32), levanto a minha voz para protestar contra alguns fatos que contemplo na Assembléia de Deus de uma cidade que conheço muito bem, os quais não consigo compreender.

1) Nessa Assembléia de Deus missões é um assunto esquecido. É triste, mas é verdade. Praticamente toda Assembléia de Deus da região e do estado ajudam de um modo ou de outro a obra missionária, mas esta Assembléia de Deus não faz absolutamente nada em prol desta importante mordomia cristã; e olha que estamos falando de uma igreja pólo de uma região potiguar, que rende milhares e milhares de reais por mês (não é pouca coisa). É vergonhoso para mim, como membro desta igreja, ver que igrejas bem menores e menos afortunadas dão uma verdadeira aula quando o assunto é Missões. Realizam cultos em prol da obra missionária, levantam fundos financeiros, sustentam missionários, enfim, cumprem a obrigação bíblica.

2) Nessa Assembléia de Deus não há o menor apoio a evangelização. Na mesma linha do parágrafo anterior, essa Assembléia de Deus também realiza o maior descaso com a evangelização da sua cidade. Segundo um jovem que já foi líder de mocidade dessa igreja (o qual podemos dizer que eu conheço bem), o mesmo passou um ano inteiro evangelizando com a mocidade a partir de recursos financeiros próprios. A liderança da igreja não entrava simplesmente com nada; não fornecia folhetos (eles são muito caros!), não fornecia transporte para os bairros mais distantes, e etc. Se não fosse pela boa vontade e dedicação de alguns jovens em organizarem o grupo de evangelização, bancar durante um ano inteiro o material necessário deste trabalho, dar duas, três ou mais viagens em suas motos para levar o grupo de jovens para os bairros distantes da cidade, se não fosse por tudo isso a evangelização desta Assembléia de Deus teria passado um ano em branco. Atualmente o trabalho de evangelização desta igreja está restrito ao valoroso labor de um pequeno grupo de irmãos que evangelizam o hospital regional da cidade, os quais também trabalham para o Senhor Jesus sem nenhum tipo de apoio da liderança local.

3) Nessa Assembléia de Deus não há prestação de contas. Essa igreja é a única (até onde eu tenho conhecimento) onde não há a exposição do relatório contábil mensal; na verdade não há relatório contábil algum, seja bimestral, trimestral, semestral ou anual. Simplesmente não há publicidade alguma das finanças e gastos desta igreja. Em contrapartida para tudo o que se vai comprar, fazer ou construir nessa igreja, a liderança realiza uma campanha de arrecadação de fundos específica para tal fim, como se os milhares e milhares de reais mensais em dízimos e ofertas não fossem suficientes para nada.

4) Nessa Assembléia de Deus não há apoio a banda de louvor local. Uma bateria que é do baterista, um violão que é do violonista, uma guitarra que é da banda, um teclado bom que é emprestado e ninguém sabe ao certo de quem é, um segundo teclado não tão bom que não se sabe ao certo se pertence ao patrimônio da igreja ou da família da liderança, e um baixo que estava sem cordas neste último domingo e que também não se sabe ao certo a sua propriedade. É esta a situação estrutural da banda local desta igreja. O pior é que com tudo isso a liderança desta igreja ainda se sente a dona dos músicos que compõem a banda, se sentindo no direito de autorizar ou não dos mesmos tocarem em outra cidade ou em outra igreja, além de ficar extremamente chateada (com direito a uma repreensão pública usando o microfone da igreja) quando os músicos não tocam no culto de domingo. Realmente é difícil tocar com um baixo sem cordas e usar a bateria sem este último (haja vista a relação entre estes dois instrumentos).

Estou falando tudo isso porque sou mais santo que todo mundo? Claro que não! Não sou perfeito nem imaculado, sou um ser humano normal, pecador como os mais de 6 bilhões que povoam a terra. Mas a condição de ser homem não me impede de enxergar a justiça e o erro. Existem falhas e pecados compreensíveis, mas alguns já não são tanto assim (principalmente quando perduram há anos).

Espero não ser excomungado por este artigo! Pode dizer ‘amém’ Luis XVI?

Com amor,

Anchieta Campos

domingo, 19 de julho de 2009

Dar a outra face? É ilícito nos defendermos?

Primeiramente pedindo desculpas aos fiéis leitores deste humilde espaço, pois já são quase duas semanas sem nenhuma publicação. O período de provas da faculdade passou, as férias da mesma e do estágio finalmente chegaram, o que implica na volta a normalidade das publicações. Portanto, estou de volta (para a tristeza e preocupação de Luis XVI)!

Volto tratando de um tema bem interessante, onde a minha explanação poderá até escandalizar algum irmão em Cristo, mas o esclarecimento tem que ser feito.

Quem é evangélico sabe, e isso não é novidade para os mais entendidos, que o nosso meio, por mais que tenha uma cultura bíblica mais elevada que a média dos demais grupos da cristandade, é ainda marcado por uma ignorância bíblica um tanto quanto considerável.

Tomando por base o texto de Mt 5:39 “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”, muitos irmãos pregam a falsa idéia de que o crente verdadeiro, para mostrar o caráter de Cristo e ser exemplo, deve ser saco de pancada e nunca se defender. “É Deus te provando irmão, agüenta firme!”; “Seja crente, fique calado, não faça e não diga nada!”; são alguns exemplos de ‘conselhos’ comuns que às vezes recebemos de alguns crentes.

Cabe destacar a princípio que Jesus não ensinou, em hipótese alguma, que devemos ser sempre silentes e ou inertes com as injustiças, sejam elas contra terceiros ou contra nós mesmos. O próprio início do verso em análise já demonstra que não devemos ser complacentes com o mal, o que no contexto significa atitudes e/ou agressões injustas. Ademais, ainda não achei uma interpretação séria e ortodoxa que afirme que Jesus tenha mandado literalmente darmos a outra face para apanharmos injustamente. Com certeza Jesus não ensinaria seus discípulos a serem sacos de pancada inertes, que nunca defendem a si mesmos, seus familiares, ou terceiros. Ver Pv 3:30; 29:7.

O que Jesus realmente quis ensinar em Mt 5:39 é que o crente deve demonstrar paciência (2 Co 6:4; Gl 5:22; Ef 4:2; Cl 1:11; 3:12; 2 Ts 1:4; 1 Tm 6:11; 2 Pe 1:6) e humildade (At 20:19; Fl 2:3; 1 Pe 5:5) perante os que lhe agridem, mas não ensinou a omissão. Na prática é um ensino que muitos já tem noção do mesmo, que é o de que o crente deve sempre procurar viver em paz com todos (cf. Rm 12:18), o que significa não ser violento (Mt 5:5; Mt 11:29) e injusto (Mt 5:6; 1 Co 6:8,9). Lembremos que a Bíblia condena a vingança, mas não a defesa.

Trata-se, portanto, do crente mostrar auto-controle (Pv 25:28), que é a temperança; mas isso não significa que a paciência e a temperança do cristão são infinitas. O próprio Cristo, quando expulsou a base de um chicote com tiras de couro os comerciantes do Templo (Mt 21:12; Mc 11:15; Jo 2:15), bem como o apóstolo Paulo, ao alegar sua nacionalidade romana quando estava sendo amarrado para ser açoitado (At 22:25:29), ambos demonstram que não aceitaram calados a injusta situação que estavam vivenciando. Jesus não disse “continuem vendendo! eu não vou falar nem fazer nada, pois sou obrigado a agüentar tudo calado!”; Paulo não disse “Já que vocês vão açoitar minhas costas, aproveitem a quebrem as pernas também, pois sou obrigado a oferecer a outra face!”. Jesus realizou justiça (praticamente a base da chicotada), e Paulo invocou seus direitos. Onde está a resignação de Jesus e Paulo? Onde está o silêncio dos dois perante uma injustiça?

A passagem de Jo 18:22 acaba de vez com a falsa idéia do crente ser um paciente saco de pancadas. A passagem mostra que Jesus levou uma bofetada no rosto, sendo que o mesmo ao invés de oferecer a outra face fez foi protestar contra a injusta agressão (v. 23).

Destaque-se ainda que quando alguém sofre um tapa no lado direito do rosto, o mesmo fora, por via de regra, atingido com o lado de fora da mão do agressor, haja vista a regra ser uma agressão desferida sempre com a mão direita, o que implica concluir que Jesus estava falando mais sobre uma agressão moral do que propriamente uma agressão física.

Portanto, não há base bíblica para crermos que Mt 5:39 nos manda sermos pessoas que não se defendem, que apanham calados por profissão. Ao mesmo tempo em que a Palavra ensina a paciência, o domínio próprio, o perdão, a paz, etc., ela doutrina que defendamos os pobres, humildes, necessitados, bem como a nós mesmos, sempre no norte da justiça e dos direitos de cada um (cf. Is 1:17).

Isto posto, rogo que os queridos leitores deste blog nunca venham a assinar a carteira de saco de pancada profissional.

Anchieta Campos

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Começa hoje a 22ª AGO da CEMADERN

Começa hoje (06/07), e se estende até a próxima sexta-feira (10/07), a 22ª Assembléia Geral Ordinária da Convenção de Ministros da Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte (CEMADERN), que reunirá centenas de líderes assembleianos do Estado, entre pastores, evangelistas, presbíteros e diáconos. Paralelamente será realizada a 13ª Reunião da União de Esposas de Ministros da Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte (UEMADERN).

O tema desta Assembléia Geral é “O obreiro e os desafios doutrinários e vocacionais (Tito 1:9)”, e terá como preletores oficiais os pastores Wagner Gaby (PR) e Messias dos Santos (SC), além de palestras com os pastores Elinaldo Renovato (Parnamirim/RN), José Carlos (PB), Abdênego Xavier (Natal/RN), Roberto José (PE), Martim Alves (Mossoró/RN), José Antônio (AL), Oséias de Paula (Venezuela), e Ailton José (PE). Como cantor oficial marcará presença o carioca Marcelo Santos, da Patmos Music.

A programação oficial pode ser vista clicando-se AQUI.

Por motivos de ordem superior (compromissos com faculdade e estágio) não poderei marcar presença na capital potiguar para realizar uma cobertura completa sobre este importante evento, mas com certeza tentaremos nos manter bem informados para repassar o que de crucial ocorrer nesta AGO.

A minha oração e desejo (assim como de todos os assembleianos honestos do RN) é de que esta AGO seja realmente dirigida pelo Espírito Santo, por intermédio de homens zelosos para com a Palavra e tementes verdadeiramente a Deus. Confio plenamente na seriedade e integridade do presidente estadual, pastor Raimundo João de Santana, bem como na notável cultura bíblica dos pastores Elinaldo Renovato e Martim Alves (vice-presidente estadual), o que com certeza cativa a mente de ambos para com os princípios éticos e teológicos da Palavra de Deus.

Que o ego e a vaidade humana não venham a reinar nesta AGO; que interesses e jogos políticos não venham a ser o padrão para decisões; que a “teologia financeira” não venha a sobrepor a pura teologia bíblica/sistemática. Enfim, que os pastores que estarão nesta AGO, principalmente os de igrejas-sede de campo eclesiástico, sejam antes de tudo crentes no Deus da Palavra e na Palavra de Deus, e não apenas importantes e poderosos líderes. Amém.

“pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” At 15:28.

Daquele que ama a Assembléia de Deus,

Anchieta Campos

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Estatuto e Regimento da IEADERN disponíveis para download

Encontram-se disponibilizados para download no site da Assembléia de Deus em Natal/IEADERN, o novo Estatuto e o Regimento Interno da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte, aprovados no dia 10 de abril deste ano em Assembléia Geral presidida pelo pastor Elinaldo Renovato de Lima (Parnamirim/RN).

O Estatuto é composto de 23 páginas, sendo que passará a vigorar a partir de 01 de janeiro de 2010, revogando assim o atual Estatuto, o qual data de 1984 (mais velho que eu!).

Já o Regimento Interno é composto de 12 páginas, com vigência plena desde a sua aprovação.

Ambos documentos tiveram como Relator o pastor Israel Caldas Sobrinho, líder da Assembléia de Deus em Goianinha/RN.

Para baixar o Estatuto, clique AQUI.

Para baixar o Regimento Interno, clique AQUI.

Em um futuro próximo (quando eu estiver de férias da faculdade) estarei postando alguns comentários a respeito destes dois imprescindíveis documentos para todo e qualquer assembleiano do Rio Grande do Norte. Talvez lá para o final deste mês ou início de agosto eu esteja publicando tais análises, o que implica em tempo suficiente para todo assembleiano interessado ler e reler tais documentos.

Anchieta Campos

domingo, 28 de junho de 2009

Compreendendo Mt 24:34 – A importância da exegese

“Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam” Mt 24:34 (cf. Mc 13:30; Lc 21:32).

Como compreender a declaração de Jesus acima? A geração da época de Jesus evidentemente que já morreu, já passou. Teria o Mestre cometido um erro? Claro que não.

Por mais que o crente leia a Bíblia de cima a baixo em busca de um esclarecimento para esta frase de Jesus, o mesmo nunca achará uma sistemática que venha satisfatoriamente a lhe esclarecer Mt 24:34, pois a resposta está no próprio versículo em análise, só que “escondida” na exegese do grego remoto dos escritos neo-testamentários.

A palavra “geração” no versículo acima provém do grego “γενεὰ”, palavra transliterada como “genea”, que significa simplesmente “raça, tipo de povo”. Logo, Jesus quis dizer que todos os eventos escatológicos até então mencionados se cumpririam sem que o povo judeu passasse, ou fosse extinto (sumisse) da terra.

Inegavelmente a velha e boa teologia (neste particular representada pela exegese bíblica), às vezes tão censurada e menosprezada no meio protestante (principalmente no meio pentecostal), é de uma importância indispensável para um correto e puro entendimento das Sagradas Escrituras. Citei o simples exemplo de Mt 24:34, mas são inúmeros os exemplos do nosso dia-a-dia que mostram, por ‘a’ mais ‘b’, que sem educação teológica é impossível ser um bom crente ortodoxo e fiel a sã doutrina.

Infelizmente não é raridade vermos a ortodoxia bíblica sendo assassinada nos púlpitos reformados, tanto por líderes como por “meros” membros. Fico doente quando vejo o estudo e formação teológica serem censurados e/ou menosprezados em nosso meio. Por que ainda há em muitos lugares o receio de que o conhecimento bíblico/teológico seja difundido e alcance mais o povo evangélico? Será que o conhecimento verdadeiro e puro da Palavra de Deus é mesmo temido por algumas pessoas de posição no meio eclesiástico? Interesses e comodidades pessoais estariam realmente em jogo com a difusão deste nobre saber? Quem tem o conhecimento tem as respostas!

“A fé não consiste na ignorância, mas no conhecimento” João Calvino.

Sola Scriptura!
Anchieta Campos

sábado, 20 de junho de 2009

A observância dos mandamentos e a salvação

A relação entre observar os mandamentos (em sentido geral) e a salvação, aparentemente lembra um paradoxo, mas não o é.

Primeiramente tem que se destacar que o mero fato de observar os mandamentos da lei mosaica não garante a vida eterna (cf. Mt 19:17-24). Destaque-se ainda, de pronto, que conforme a referência supra citada, a guarda do sábado, a observância da circuncisão, a observância das festas judaicas, os holocaustos, e outros caracteres da lei mosaica, não foram citados por Jesus como requisitos para a salvação (ver At 15:25; 1 Co 7:18-20; Cl 2:16,17).

A bem da verdade, é inconteste que a observância da lei e seus mandamentos não tem o poder de tornar o homem justo perante Deus, mas tão somente o sacrifício de Cristo é que detém tal eficácia (cf. Rm 3:19-28; 8:3; Gl 2:16,21; 3:10,11; Ef 2:8,9,13-16; 2 Tm 1:9; Hb 9:19-28; 10:1-4), tendo a lei sido revogada como meio divino para se chegar à Deus (cf. Gl 3:24,25; Hb 7:18,19).

Uma passagem bastante pertinente sobre o tema é Mt 5:19, que diz: “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. Aqui Jesus está se referindo justamente à lei mosaica (v. 18), e percebemos que a ênfase soteriológica repousa no ensino, e não necessariamente na irrestrita e perfeita observância dos mandamentos ensinados. Vemos que mesmo que um crente chegue a violar algum mandamento, ainda assim o mesmo poderá herdar o reino dos céus, pois na verdade não há pessoa alguma que esteja isenta de pecar (Ec 7:20; 1 Jo 1:8-10). Lembremos ainda, como eu já disse aqui no blog em outra oportunidade, que por mais que o exterior possa ser um reflexo do interior de uma pessoa, o mesmo é enganoso em ambos os sentidos, sendo que o que define realmente uma pessoa para com Deus é o seu interior (1 Sm 16:7; 2 Co 5:12; Gl 2:6; Cl 2:23; 3:22; 2 Tm 3:5). Por isso que o julgamento de uma pessoa deve se iniciar sempre pela doutrina que a mesma professa (Rm 16:17; Ef 4:14; 1 Tm 1:3,10; 4:1,6; 6:3-5; 2 Tm 4:3,4; Tt 1:9; Hb 13:9; 2 Jo 1:9,10; Ap 2:14,15), sendo que os atos condenáveis (Gl 5:19-21; Ap 21:8; 22:15) não são necessariamente o estado permanente e imutável de uma pessoa, cf. 1 Co 6:9-11; Ef 2:2,3; 5:8; Cl 1:21; 3:5-8; Tt 3:1-5.

Para uma melhor compreensão sobre a relação entre o crente e o pecado, ver meu artigo O crente e o pecado.

Os mandamentos maiores da fé cristã não estão relacionados diretamente com a observância dos regramentos da lei, mas sim em relação a termos fé em Jesus e a amarmos uns aos outros (1 Jo 3:23; 4:21; Jo 13:34,35; 15:12). Ver Mt 22:36-40.

Portanto, a observância dos mandamentos da lei mosaica não é requisito para a salvação. Pontos como a guarda do sábado, circuncisão, festas judaicas e holocaustos, não fazem parte do quadro de mandamentos que devem ser observados na Nova Aliança. A observância perfeita dos mandamentos confirmados pela Nova Aliança, bem como os surgidos na mesma, conquanto sirvam de padrão para a vida cristã, não vem a ser requisito primário e indispensável para a salvação, visto que, conquanto o crente sempre busque levar uma vida santa aqui na terra, o mesmo jamais conseguirá ter uma vida imaculada; devendo, quando pecar (o que deve ser exceção na vida do crente), buscar em Cristo (e não na inútil observância dos mandamentos) o perdão pelos pecados (cf. 1 Jo 2:1,2).

“Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” 1 Tm 1:5.

“Portanto, pelos seus frutos os conhecereis” Mt 7:20; “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei” Gl 5:22,23.

Anchieta Campos

Entendendo Salmo 1:5

“Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos” Salmo 1:5.

Não é raro ouvirmos sermões onde, desvirtuando-se a boa hermenêutica, o versículo acima é citado como fundamento para a falsa idéia de que ‘os pecadores intra-eclésia findarão por abandonar a igreja evangélica em que congregam antes de morrerem’ (não se sabe por intermédio de que força), sendo assim esta “congregação dos justos” a igreja evangélica local.

Primeiramente tem que se destacar que isso é apenas mais um reflexo da materialização da fé. Tudo que é espiritual, celeste, está sendo adaptado e recebendo uma capa de secularização, sendo que o conceito de igreja é um dos que mais tem sofrido com este mal. Mais uma triste constatação inegável.

Pois bem, a verdade sistemática bíblica é que o salmista (não se sabe o autor deste Salmo 1) não quis dizer que a “congregação dos justos” se refere a uma congregação terrena, secular, mas sim o mesmo fez menção ao céu eterno de glória, onde realmente os ímpios pecadores não terão participação alguma (1 Co 6:9,10; Gl 5:19-21; Ap 21:27; 22:14,15). E para se alcançar tal conclusão, além da própria sistemática bíblica, basta apenas recorrer ao próprio versículo em análise.

O termo “juízo”, na primeira parte do verso, é uma clara alusão ao juízo final, o que determinará o destino eterno de cada ser humano. Ao se aceitar o termo “congregação dos justos” como sendo as congregações protestantes, simplesmente estar-se-ia colocando a salvação como propriedade exclusiva das mesmas, onde só se salvaria quem estivesse forçosamente se congregando em alguma igreja protestante, além de garantir ao crente que, enquanto participante de uma igreja evangélica, o mesmo necessariamente seria um justo/salvo, visto que subsistiu na “congregação dos justos”. Logo a salvação estaria restrita só e tão somente a fatores externos (estar fisicamente em uma igreja evangélica), conclusão essa que vem a contrariar tudo que a Palavra ensina sobre salvação e comunhão com Deus.

Discorrendo sobre o tema, o memorável teólogo Donald C. Stamps, autor das notas e estudos da Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, assim se expressou com a sua peculiar propriedade:

“1.4-6 OS ÍMPIOS. O Sl 1 descreve os pecadores impenitentes sob três quadros horríveis: (1) são como a “moinha” lançada para longe por forças que não conseguem ver (v. 4; ver Ef 2.2 nota); (2) serão condenados na presença de Deus no dia do juízo (v. 5; cf. 76.7; Ml 3.2; Mt 25.31-46; Ap 6.17); (3) perecerão eternamente (v. 6; ver Mt 10.28 nota)”.

Como bem frisou Stamps, o versículo 5 trata da condenação ‘no dia do juízo’, e não de uma separação ainda terrena. Lembremo-nos que muitos que se dizem crentes e que se congregam serão condenados no dia do juízo (cf. Mt 7:21-23; Tg 1:26; Ap 2:4,5,16; 3:3), não devendo nós colocarmos a confiança no fato de estarmos com regularidade em um templo dedicado à Deus (cf. Jr 7:2-4).

Portanto, não procede o pensamento de que todos os que permanecerem em uma igreja local é porque Deus tem “negócio” com eles, ou que tal membro de cadeira cativa na igreja é certamente um justo/salvo. A salvação não repousa exclusivamente dentro de um templo protestante, conquanto venha a ser o ideal que um conhecedor e seguidor da Palavra se congregue em uma igreja reformada.

Anchieta Campos

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pérola episcopal

Olha, tenham a certeza que eu tentei; saibam que me esforcei muito para não fazer menção aqui no blog, mas, sinceramente, não consegui me conter.

Estava eu no MSN há pouco tempo, quando me deparei com um subnick um tanto quanto interessante. O subnick desse meu contato dizia exatamente o seguinte: “A caminhos que levam a morte espiritual, rebeliar-se contra quem tem cajado na mão (Pastor) é um deles!!!!!”.

Bem, de cara percebe-se que se trata de um evangélico, mas não um simples membro qualquer. Essa pérola, como o mediano entendedor já deu para perceber desde o título, foi escrita por um presbítero! E por sinal um presbítero da nossa quase centenária e mui querida Assembléia de Deus! Isso mesmo! Pelo conteúdo da mesma já dá para se ter uma noção até onde viemos parar (o buraco é fundo!) como igreja evangélica.

O dito presbítero (presbítero?), além de dar uma escorregada feia na teologia sistemática, achou pouco e resolveu assassinar a nossa recém alterada língua portuguesa.

Na teologia eu não sabia que o pastor tem o poder de matar espiritualmente um membro. Em outras palavras tal presbítero afirmou que o pastor tem prerrogativas espirituais suficientes para matar espiritualmente um crente, e por conseqüência lógica condená-lo ao inferno. Tal pensamento, caro leitor, é um absurdo teológico imensurável. Reconheço, como cristão ortodoxo que sou, que a igreja local e sua composição eclesiástica, tal qual se apresenta hoje na maioria das igrejas protestantes, são retratos de uma boa hermenêutica bíblica (ver meu artigo Em defesa da igreja local). Agora, é bem verdade que o pastor local não tem atribuição bíblica alguma para determinar em que estado se encontra a comunhão do membro com Deus, muito menos determinar a morte ou a vida espiritual do mesmo (ver meu artigo A disciplina eclesiástica local e a comunhão com Deus).

Tal presbítero, o qual conheço pessoalmente, por isso que posso afirmar com convicção, além dele próprio ter reforçado com essa frase infundada, é daquele tipo de crente que tem como uma verdade bíblica a famosa frase “não toqueis nos meus ungidos”. Isto posto, e para efeito de esclarecimento do mesmo sobre o assunto, recomendo a leitura do artigo “Não toqueis nos meus ungidos?”, onde faço menção de uma produção teológica do pastor e escritor assembleiano, Ciro Sanchs Zibordi.

E a língua portuguesa? Como sempre sendo assassinada de modo cruel! Afinal de contas trocar “há” por “a”, e “rebelar-se” por “rebeliar-se”, não vem a ser um erro de difícil percepção para um brasileiro médio. “Rebeliar-se” foi demais!

Destarte, esse artigo serve para demonstrar a que ponto chegamos, pois certas pessoas que levam o título de presbítero, as quais mesmo não sabendo lá essas coisas de português, pelo menos não deveriam assassinar a sã doutrina bíblica com frases aberrantes como esta.

Por essas e outras que o povo evangélico ainda é taxado de ignorante por muitos céticos letrados, muitos dos quais inclusive realizariam um juízo de valor sobre o pastor ser habilitado ou não para determinar a morte espiritual de um membro, o que só viria a aumentar o prejuízo.

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” 2 Tm 2:15.

Sola Scriptura!

Anchieta Campos

domingo, 14 de junho de 2009

Paradoxos evangélicos

Paradoxo, segundo a já batida e difundida definição, é “uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é o oposto do que alguém pensa ser a verdade”.

Pois bem, estava analisando alguns dos componentes da sistemática evangélica brasileira, e cheguei a algumas conclusões que divido neste momento com os nobres leitores deste humilde espaço.

Pude constatar que o protestantismo, conquanto seja o modelo sistemático da cristandade que mais se aproxima das Sagradas Escrituras, é ainda assim detentor de alguns não poucos paradoxos, dentre os quais alguns são um tanto quanto absurdos.

Vejamos alguns exemplos práticos de paradoxos no nosso meio:

1) No meio protestante é mais fácil acolher e ajudar um pecador que se converte, do que um crente que veio a pecar, sendo que ambos são igualmente humanos.

2) No meio protestante coloca-se o tempo como pré-requisito para se ocupar determinado cargo eclesiástico, anulando e/ou sumprimindo com isso outras características (mais importantes), como o preparo bíblico/teológico, habilidades administrativas, compromisso sincero com Deus, além da própria vontade de Deus.

3) No meio protestante, em algumas igrejas, devem as mulheres usarem sempre saia (ou vestido), sendo que prefere-se a uma saia curta do que a uma calça.

4) No meio protestante, em algumas igrejas, condena-se a prática de esportes, notadamente o futebol, incentivando assim o descuido com o próprio corpo, que é o templo do Espírito Santo.

5) No meio protestante se incentiva os membros a serem leais a sua nação (Estado), contribuindo com os impostos, prestando o serviço militar em seus devidos caracteres, etc., mas se censura o ato de torcer pela pátria em algum esporte.

6) No meio protestante, em algums igrejas, não se censura o fato do membro vir a ser um comilão (fazem até piada com isso na maioria dos casos), mas se um membro vier a ingerir um copo de vinho que seja, o mesmo é imediatamente taxado de beberrão e pecador.
7) No meio protestante, em algumas igrejas, promove-se abertamente rifas e outras modalidades de sorteios (formas do termo popular ‘jogo’), sempre de forma onerosa e sem contribuição alguma para o fundo social comum, mas censura-se o membro que concorre a sorteios em jogos legalizados (loterias da Caixa, por exemplo).


Poderia aqui citar outros fatos presentes em nossa realidade diária, mas estes elencados já servem para demonstrar o quão ainda precisamos amadurecer como povo que se diz Igreja do Senhor Jesus e conhecedor da Palavra de Deus. Contradições como estas citadas dificultam um saudável crescimento do evangelho, bem como são pratos cheios para escândalos e críticas destrutivas dos opositores.

Agora uma coisa é verdade: a Igreja verdadeira, a que será arrebatada, anda longe de cair nestes paradoxos da tradição religiosa evangélica.

Anchieta Campos

Frase quase divina – 59

Mais uma frase do memorável inglês William Shakespeare (1564-1616).

“Nossas dúvidas são as traidoras que nos fazem perder tudo de bom que poderíamos haver ganho, caso não houvéssemos sucumbido ao medo do fracasso” William Shakespeare.

Anchieta Campos

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Compreendendo a Festa de Corpus Christi

Amanhã (11/06) será feriado nacional. Particularmente achei bom saber que não precisarei ir trabalhar amanhã de manhã, bem como não precisarei me deslocar até a cidade paraibana de Sousa para a minha faculdade. E a quem devo essas minhas alegrias? Oras, claro que devo estas “bênçãos” à Igreja Católica Romana (e depois ainda dizem que ela não funciona!).

Pois bem, falando sério agora, o fato é que o feriado não é em homenagem a algum nome histórico do Brasil, nem mesmo é em comemoração a algum fato histórico importante para a nossa querida nação brasileira. Comemora-se neste dia a independência? A proclamação da República? Não! O dia 11 de junho de 2009 é feriado nacional em virtude da festa católica romana de Corpus Christi. É, depois dizem que o Brasil é um país laico, onde o Estado não tem influência alguma da toda poderosa igreja romana.

A Festa católica romana de Corpus Christi (expressão latina que significa “Corpo de Cristo”), foi instituída oficialmente pelo Papa Urbano IV com a sua Bula ‘Transiturus’, de 11 de agosto de 1264, sendo que o mesmo viera a morrer pouco tempo após a promulgação da referida Bula. A festa foi instituída para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes, tendo uma tríplice finalidade:

1) Prestar as mais excelsas honras a Jesus Cristo;

2) Pedir perdão a Jesus Cristo pelos ultrajes cometidos pelos ateus;

3) Protestar contra as heresias dos que negavam a presença de Deus na hóstia consagrada.

Tudo começou com a freira agostiniana belga Juliana de Mont Cornellon (1193-1252). Ela teria tido insistentes visões da "Virgem Maria" ordenando-lhe a realização de uma grandiosa festa da Eucaristia no Ano Litúrgico. Juliana, que posteriormente viria a ser a Santa Juliana, afirmava que a festa seria instituída para honrar a presença real de Jesus na hóstia, ou seja, o corpo místico de Jesus na "Santíssima Eucaristia".

A festa é marcada por uma procissão realizada nas vias públicas das cidades, onde a hóstia (o corpo de Cristo para os católicos) é carregada sob um cuidado impecável. A procissão é realizada pelas vias públicas para atender a uma orientação do Código Canônico da Igreja Católica Romana, onde em seu art. 944 determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, “para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo”. É recomendado também que nestas datas, a não ser por uma causa grave e urgente, não se ausente da diocese o Bispo (art. 395).

O ensino católico sobre a Eucaristia é de uma atrocidade teológica só. O texto oficial da igreja romana assim se expressa: “A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual”. Roma ainda doutrina que na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que se encontra no céu. Esclarece também que essa mudança, conhecida como transubstanciação, “ocorre no ato em que o sacerdote, na santa missa, pronuncia as palavras de consagração: ‘Isto é o meu Corpo; este é o meu sangue’.

Para completar as aberrações bíblicas, o catecismo católico ainda traz uma pergunta com relação ao Sacramento da Eucaristia nos seguintes termos: “Deve-se adorar a Eucaristia?”. E responde: “A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor”. Isto não passa de uma oficial recomendação à idolatria!

Como bem pode perceber o leitor atento e inteligente, a igreja católica romana ensina que quando o sacerdote romano abre sua boca e pronuncia as palavras mágicas “Isto é o meu Corpo; este é o meu sangue”, neste exato momento a hóstia se transforma (literalmente) no corpo de Jesus, e o vinho se transforma (literalmente) no sangue de Jesus. Isto, meu caro leitor, é um absurdo sem igual. Conhecendo como conheço as doutrinas da igreja de Roma, posso afirmar que este ensino é um dos mais sem lógica, nexo e fundamento bíblico que eu já vi.

Tomando por base textos bíblicos como Mt 26:26-29; Lc 22:14-20 e Jo 6:53-56, os “eixegetas” romanistas realizam uma interpretação sem contexto e, o pior de tudo, extremamente literal destas passagens. Me lembrei agora que um certo católico romano alegou que os evangélicos é que interpretam literalmente a Bíblia. É uma piada e tamanha ignorância mesmo.

Ao se crer que a doutrina da transubstanciação fora instituída e ensinada por Cristo na última ceia, está-se incorrendo em um extremo absurdo. Se fosse verdade este pensamento católico, teríamos então que admitir que o próprio Cristo estaria comendo e bebendo do seu próprio corpo e sangue no momento em que estava vivo (em carne e sangue) diante dos apóstolos! As palavras de Jesus foram simbólicas! Jesus quis dizer que “Este pão que estou partindo agora representa o meu corpo que vai ser partido por vossos pecados; o vinho que neste momento está no cálice representa o meu sangue, que vai ser derramado por causa dos vossos pecados”. Não há nenhum bom senso e lógica em se interpretar as palavras de Jesus “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” como se fossem literalmente o seu corpo e sangue; ademais, lembremo-nos que não fora o pão e nem o vinho usados na última ceia que foram crucificado e derramado (respectivamente) na cruz do calvário, mas sim o corpo real de Cristo e o sangue real de Cristo, mostrando claramente que Jesus usou de uma linguagem meramente figurativa.

Devemos nos lembrar também que o corpo de Jesus, como homem, é uno; Jesus ressuscitou corporalmente (ver meu post A Ressurreição FÍSICA e REAL de Cristo), ascendeu aos céus em seu corpo físico e assentou-se à destra de Deus (Mc 16:19; Lc 24:51; At 1:9-11), sendo inconcebível que o corpo e sangue de Jesus estejam na terra na figura da Eucaristia, pois o mesmo encontra-se no céu. Destaque-se também que o corpo de Jesus atualmente é um corpo glorioso (Ap 1:13-16; Fl 3:21), além do ensino de Paulo que diz que carne e sangue não podem herdar a incorrupção (cf. 1 Co 15:50), logo a carne e o sangue de Cristo como homem não existem mais como o era aqui nesta terra antes de sua ascensão.

Lembremo-nos que Jesus sempre usou de figuras para lhe representar e representar o seu ministério. Jesus disse que Ele era a videira verdadeira e nós as varas (Jo 15:5), disse que era a porta (Jo 10:9) e disse ainda que era o pão vivo que desceu do céu (Jo 6:51), mas nem por causa disso nós imaginamos Jesus literalmente como sendo uma árvore onde nós podemos chegar e arrancar um fruto, uma porta por onde nós passamos por dentro e muito menos um pedaço de pão que possamos comer.

No demais, fora usado pão, e não uma hóstia com simbologia pagã, o que, por si só, já desqualifica (mais uma vez) a Eucaristia romana.

Anchieta Campos