quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Conflito em Gaza – A carne barata das crianças palestinas, por Reinaldo Azevedo


Publico na íntegra um artigo do jornalista e escritor da Veja, Reinaldo Azevedo. A despeito de qualquer posição ou incoerência do mesmo, bem como da editora Abril, as quais, porventura, possam existir, o artigo em questão ao qual publico (dando assim o meu aval), é uma preciosidade da inteligência crítica, sem as misturas que a grande mídia está implantando, com muito sucesso, na cabeça dos desavisados.

O artigo pode ser lido na página http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2009/01/carne-barata-das-crianas-palestinas.html.

“Certo! Pode-se afirmar que os militantes do Hamas só usam cadáveres de crianças como bandeiras porque, afinal, há cadáveres de crianças. Sem dúvida, em qualquer guerra, elas são as vítimas que mais chocam e constrangem. Mas o que os terroristas fizeram para poupá-las? Nada! Ao contrário! A carne das crianças palestinas ou das crianças libanesas do Sul do Líbano são as mais baratas do Oriente Médio. Os militantes do Hamas e do Hezbolhah, respectivamente, escondem-se em meio à população civil. A cada criança morta, um triunfo. A imprensa dos países islâmicos faz o uso esperado dos cadáveres. E a dos países ocidentais não fica atrás. A primeira investe no vitimismo; a segunda, na perversão humanista.

A foto de uma criança palestina com lágrimas nos olhos vale por milhares de editoriais censurando Israel. O que sai do olhar treinado e estudado do fotógrafo assume as características de um flagrante. O que é uma escolha confunde-se com um registro objetivo da guerra. Imagens com essas características valem por perguntas: “Mas onde estão as criancinhas israelenses? Cadê os cadáveres dos infantes judeus?”. Também induzem algumas respostas: “Sem elas, só se pode concluir uma coisa: trata-se de uma luta desigual! De uma reação desproporcional! Precisamos de mais cadáveres de judeus para que possamos, então, ser compreensivos com Israel”.

E o ato essencialmente imoral do terrorismo islâmico — mais um — perde relevo para a comoção. Mais eficientes do que os foguetes do Hamas, são os cadáveres das crianças palestinas. São bombas de efeito moral que explodem no território israelense e demonizam um país que só não foi extinto em razão da sua tenacidade — também a militar. “Ora, então Israel que evite a reação”. É? E como agir, então, para conter o agressor? Reação proporcional?

Reação proporcional? Deve-se levar isso a sério? Terão os israelenses de fabricar seus foguetes quase domésticos par jogar em Gaza ou no Sul do Líbano? Seria legítimo treinar homens-bomba, que morreriam, então, em nome de Iahweh? Devem os israelenses ser “proporcionais” também no nível de exposição de seu próprio povo à fúria do inimigo, de sorte que também possam exibir, com vitimismo triunfante, seus cadáveres pelas ruas, passando-os de mão em mão, numa espécie de catarse da morte?

De fato, Israel não tem saída. A não ser lutar. A guerra de propaganda contra os adoradores de cadáveres, o país já perdeu. Resta-lhe fazer todos os esforços para não ser derrotado no terreno propriamente militar. É a sua contribuição do momento ao triunfo da civilização”.

Ler ainda meus artigos Conflito em Gaza – Israel x Hamas; Conflito em Gaza – Sobre o bom e o péssimo jornalismo, e Conflito em Gaza – Palavras do francês Bernard-Henri Lévy.

“Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam” Salmo 122:6.

Anchieta Campos

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