domingo, 8 de março de 2009

Uma cultura preponderantemente musical

É bem provável que o conteúdo deste artigo possa vim a magoar algum irmão ou irmã, talvez até conhecidos pessoais, mas, como tudo que posto neste blog, o fim maior é honrar a Palavra de Deus e seus ensinos, anunciando-la de forma pura e verdadeira.

Pois bem, sem mais delongas, gostaria de dizer que um dos grandes males da igreja evangélica atual é, sem sobra de dúvidas, uma cultura evangélica onde a primazia é, preponderantemente, principalmente entre os mais jovens, concedida a música. Isso mesmo! A música está, com folgas, tendo o papel central do culto e da vida cristãs. Não estou aqui, de modo nenhum, censurando a importância dos hinos de louvor em nossas igrejas e cultos, até porque eles fazem parte da liturgia neo-testamentária para a Igreja (Mt 26:30; Mc 14:26; 1 Co 14:26; Hb 2:12), bem como para a nossa vida extra-eclésia (At 16:26; Tg 5:13), claro que se respeitando os princípios e modelos bíblicos contidos (entre outras referências) em 1 Co 14:26; Ef 5:19; Cl 3:16 e Ap 15:3. O que quero alertar neste sucinto artigo é o fato de que a Palavra de Deus, e sua exposição pura e imparcial, devem ter, sempre, a nossa atenção e dedicação maior, tanto em nossas reuniões eclesiásticas para se adorar a Deus, bem como em nosso dia-a-dia.

Como já disse em outra oportunidade neste blog, a Bíblia é a Palavra de Deus escrita aos homens, infalível, inerrante, escrita por homens inspirados pelo Espírito Santo do Senhor, conforme 2 Pe 1:21 “Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” e 2 Tm 3:16 “Toda a Escritura é inspirada por Deus...”. A Bíblia é a verdade (cf. Jo 17:17); é ela que nos dá o conhecimento da vida eterna (cf. Jo 5:39 e 2 Tm 3:15); ela nos impede de pecarmos contra Deus (cf. Sl 119:11); ela é viva (cf. Hb 4:12); ela nos dá ensino, paciência, consolação e esperança (cf. Rm 15:4 e Cl 1:5); ela é o meio principal da nossa santificação e purificação (cf. Ef 5:26), e por meio dela é que somos reconhecidos como cristãos e perseguidos (cf. Mt 13:20,21 e Ap 1:2,9; 6:9; 20:4), além de inúmeros outros atributos inerentes a Bíblia Sagrada. Os hinos de louvor, por mais que tenham sido escritos por pessoas com uma vida piedosa e cientes da verdadeira doutrina cristã, jamais poderão ser considerados do mesmo nível de inspiração e poder das Sagradas Escrituras. Como bem disse Paulo em Rm 10:17: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”; logo, para que um hino de louvor a Deus possa surtir efeitos similares aos da Palavra, o mesmo deverá ser estritamente fiel para com a mesma.

E o que temos visto em nossos dias e em nossas igrejas? Pouco ou quase nada se dedica para a exposição da Palavra de Deus. Louvores e mais louvores, canta-se muito, prega-se e expõe-se pouco a Palavra. E para piorar a situação, do muito que se canta pouco se aproveita, e do pouco que se prega pouco também se aproveita. São raros os hinos/cânticos verdadeiramente bíblicos e espirituais, conforme acima já referenciado; e, salvo raras exceções, está cada vez mais difícil contemplarmos pregações verdadeiramente bíblicas e expositoras, sem misturas e conveniências humanas. Destaco e repito que exceções existem, tanto no louvor, quanto na Palavra.

E não ficam apenas em nossas igrejas os testemunhos desta triste realidade. Andamos em uma “livraria” evangélica e o que mais encontramos? Isso mesmo! DVDs e CDs de cantores individuais ou grupos de louvor. Livros? Ah! São a esmagadora minoria do acervo! Você acha o lançamento do último mega-hiper-ultra show de aniversário da banda gospel que diz ter a voz da verdade, mas não acha um lançamento de um livro teológico de sua editora preferida. Aliás, como já dito, pouco de literatura cristã se pode achar! Aliás, destaque-se que não é raro encontrarmos livros de editora espírita e de escritores nada ortodoxos nas prateleiras de livrarias “evangélicas”. E de quem é a culpa? Com certeza não é dos donos das referidas livrarias; na verdade a parte de culpa deles seja talvez a menor de todos os envolvidos. Estes irmãos/empresários, quer queiram ou não, se encontram presos a este sistema imposto por nossa pobre cultura evangélica. Eles são os responsáveis por suas famílias, precisam vender para sustentar os seus.

Congressos? Chegue hoje para um jovem (não que seja só este grupo etário, mas com certeza é o mais influenciado) e diga que vai haver um congresso em tal cidade, e a primeira coisa que ele irá perguntar é quem irá estar cantando por lá. Pregação da palavra? Que é isso, fica-se em segundo plano!

Lembremos por fim que o ministério do louvor não terá fim (Sl 145:2,21), por ocasião da nossa eterna morada no céu de glória, onde não haverá mais a necessidade de se pregar, ensinar e exortar, o que é mais um motivo para nesta vida priorizarmos o ministério da Palavra.

Repito para encerrar: não sou contra a música, muito pelo contrário! Sou um grande admirador da boa música e de bons músicos, principalmente das boas músicas cristãs, e dos bons músicos cristãos, ou seja, que honram a Palavra de Deus, louvando a Deus com letras e melodias que estão de acordo com os princípios bíblicos, e, que, conseqüentemente, estão por agradar a Deus. Sou contra os desvios acima explanados, pois os mesmos acabam por desvirtuar o real sentido do tão belo e essencial ministério do louvor.

Não escrevi para colocar fogo no circo, longe disto! Escrevi como um desabafo, e como causa maior e mais nobre, para defender mais uma vez a Palavra de Deus e seus belos e puros ensinos.

Ver meu artigo A verdadeira adoração.

Com amor,

Anchieta Campos

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