quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pérola episcopal

Olha, tenham a certeza que eu tentei; saibam que me esforcei muito para não fazer menção aqui no blog, mas, sinceramente, não consegui me conter.

Estava eu no MSN há pouco tempo, quando me deparei com um subnick um tanto quanto interessante. O subnick desse meu contato dizia exatamente o seguinte: “A caminhos que levam a morte espiritual, rebeliar-se contra quem tem cajado na mão (Pastor) é um deles!!!!!”.

Bem, de cara percebe-se que se trata de um evangélico, mas não um simples membro qualquer. Essa pérola, como o mediano entendedor já deu para perceber desde o título, foi escrita por um presbítero! E por sinal um presbítero da nossa quase centenária e mui querida Assembléia de Deus! Isso mesmo! Pelo conteúdo da mesma já dá para se ter uma noção até onde viemos parar (o buraco é fundo!) como igreja evangélica.

O dito presbítero (presbítero?), além de dar uma escorregada feia na teologia sistemática, achou pouco e resolveu assassinar a nossa recém alterada língua portuguesa.

Na teologia eu não sabia que o pastor tem o poder de matar espiritualmente um membro. Em outras palavras tal presbítero afirmou que o pastor tem prerrogativas espirituais suficientes para matar espiritualmente um crente, e por conseqüência lógica condená-lo ao inferno. Tal pensamento, caro leitor, é um absurdo teológico imensurável. Reconheço, como cristão ortodoxo que sou, que a igreja local e sua composição eclesiástica, tal qual se apresenta hoje na maioria das igrejas protestantes, são retratos de uma boa hermenêutica bíblica (ver meu artigo Em defesa da igreja local). Agora, é bem verdade que o pastor local não tem atribuição bíblica alguma para determinar em que estado se encontra a comunhão do membro com Deus, muito menos determinar a morte ou a vida espiritual do mesmo (ver meu artigo A disciplina eclesiástica local e a comunhão com Deus).

Tal presbítero, o qual conheço pessoalmente, por isso que posso afirmar com convicção, além dele próprio ter reforçado com essa frase infundada, é daquele tipo de crente que tem como uma verdade bíblica a famosa frase “não toqueis nos meus ungidos”. Isto posto, e para efeito de esclarecimento do mesmo sobre o assunto, recomendo a leitura do artigo “Não toqueis nos meus ungidos?”, onde faço menção de uma produção teológica do pastor e escritor assembleiano, Ciro Sanchs Zibordi.

E a língua portuguesa? Como sempre sendo assassinada de modo cruel! Afinal de contas trocar “há” por “a”, e “rebelar-se” por “rebeliar-se”, não vem a ser um erro de difícil percepção para um brasileiro médio. “Rebeliar-se” foi demais!

Destarte, esse artigo serve para demonstrar a que ponto chegamos, pois certas pessoas que levam o título de presbítero, as quais mesmo não sabendo lá essas coisas de português, pelo menos não deveriam assassinar a sã doutrina bíblica com frases aberrantes como esta.

Por essas e outras que o povo evangélico ainda é taxado de ignorante por muitos céticos letrados, muitos dos quais inclusive realizariam um juízo de valor sobre o pastor ser habilitado ou não para determinar a morte espiritual de um membro, o que só viria a aumentar o prejuízo.

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” 2 Tm 2:15.

Sola Scriptura!

Anchieta Campos

2 comentários:

Leonardo Fontes disse...

Prezado amigo e irmão Anchieta, a Paz do Senhor!!

Sendo eu leitor assíduo de seu blog, por conter nele textos e estudos que edificam e ajudam em nosso crescimento e amadurecimento espiritual, não pude deixar de perceber o tamanho do absurdo cometido com a ortografia da língua portuguesa, e o que mais me surpreendeu foi saber que o criador dessa "autêntica e maravilhosa" frase é uma pessoa de um alto grau de instrução teológica, pelo menos considerado entre alguns irmãos aqui de nossa igreja.

Mas o que mais me intrigou, ao ver essa frase e saber de quem ela havia e não "avia" procedido, é que já vi o próprio autor dela, como também vários outros irmãos do ministério local, insatisfeitos e revoltados com a maneira pela qual o Pastor conduz o seu rebanho, sendo assim permanece uma duvida em meu pensamento na qual eu deixo uma pergunta: Será que o irmão autor da frase está morrendo espiritualmente?

São esses e outros acontecimentos que mostram a qualidade de obreiros que temos em nosso meio, mas o que nos resta amado é orarmos pelos tais para que o Senhor Deus conceda mais humildade para que reconheçam que ninguém é perfeito.

Fica na paz meu irmão e Deus continue te abençoando grandemente. Abraços!!!

Leonardo Fontes

Anchieta Campos disse...

Caro amigo e irmão Leonardo Fontes, a paz do Senhor.

Você sabe que é motivo de muita honra, alegria e motivação, poder contemplar palavras suas aqui neste espaço que não é meu, mas sim nosso.

Seu comentário é notadamente uma ótima intervenção.

Pior do que os erros de português foi o erro teológico. Na verdade é como a Bíblia diz: "um abismo chama outro abismo" Salmo 42:7.

Seu segundo parágrafo é bem pertinente. Realmente o dito presbítero já criticou muito o seu pastor local, o que acaba por gerar uma contradição de discurso! Se o tal presbítero afirma que "rebeliar-se" contra o pastor é um modo de produzir morte espiritual, logo o mesmo estaria morrendo espiritualmente (ou já morreu faz tempo!).

Na verdade tal presbítero nem deve saber a diferença entre uma crítica à luz da Palavra e o ato de rebelar-se.

É triste.

Obrigado por sua rica colaboração, caro amigo e irmão.

Abraço.

Anchieta Campos